Futre lembra a rábula do serviço militar obrigatório e revela como recusou o Real Madrid
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Em dia de dérbi da capital espanhola, com a visita do Real Madrid ao Atlético, a revista Líbero publicou uma entrevista a Paulo Futre, ídolo dos colchoneros, que fez revelações curiosas.
O antigo internacional português representou o Atlético entre 1987 e 1993 e estava em Marselha, depois de uma curta passagem pelo Benfica, quando o Real Madrid lhe apresentou uma proposta.
"O contrato estava pronto para ser assinado. No final da última reunião pensei pela primeira vez na minha família, nos meus filhos; não podia voltar com eles a Madrid e ir para o Real. Regressei à sala e disse: "Lamento, senhores, não vou assinar." Queriam matar-me. Sou o único jogador do Mundo que com o contrato na mesa disse que não ao Real Madrid", contou Futre, que também lembrou a saída conturbada do Atlético: "Não recebia há oito meses. A minha saída era a única solução. Inventámos um conflito e saí para o Benfica."
Futre fez a formação no Sporting e, depois de uma época equipa principal dos leões, rumou ao FC Porto, em 1983. O coração ainda é verde e branco, mas o carinho pelos dragões continua lá.
"A minha saída foi, à escala nacional, como a transferência do Figo para o Real Madrid, assunto no qual estive envolvido, ao ter convencido um assustado Figo a aceitar a oferta do Florentino. Pinto da Costa acolheu-me e com ele aprendi a as regras, eu era um atrevido e um rebelde", frisou o Futre. "Eu digo-lhes que sou do Sporting, mas para eles é indiferente", acrescentou o antigo avançado.
Na entrevista, Futre também relembrou a história de como Mário Soares o ajudou a evitar o serviço militar, numa altura em que o jogador tinha acabado de chegar a Madrid.
"O serviço militar era obrigatório e isso podia causar problemas para assinar por uma equipa estrangeira. Durante as negociações não dissemos nada. Quando os jornais disseram que os portugueses tinham enganado o presidente do Atlético de Madrid, eu já tinha falado com os meus advogados, ia declarar-me desertor e não voltaria a Portugal nos cinco anos seguintes", começou por contar.
Foi então que surgiu Mário Soares, Presidente da República na altura.
"Ligou-me e e eu fiz uma cena a chorar. Passado dois dias, voltou a telefonar-me: "Paulo, tens a honra de seres o primeiro português a usufruir da nova lei dos desportistas de elite." O meu ritual, antes de cada jogo, era fechar-me na casa de banho, gritar por mim, por Portugal e pelo Mário Soares", revelou Futre.