O JOGO cruzou-se com um taxista polaco em Munique: "Força contra a Alemanha, deem cabo deles!"
Dos quadros bem ilustrativos do amor à pátria-mãe ao bitoque confecionado na perfeição, fomos conhecer um reduto luso na capital da Baviera. Sobre o jogo com a Alemanha, reina a confiança
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Sexta-feira é dia de trabalho e, como dita a lei, a reportagem de O JOGO saiu à rua bem cedo, para dar a conhecer o que de melhor Munique tem para oferecer.
Pouco depois das 8 da manhã, um episódio caricato: curioso com o frenesim de acreditações, mala de computador e chamadas matinais, o taxista indagou sobre a proveniência do jornalista que transportava: "Veio cá para o Euro? É de Portugal?", perguntou, num inglês quase perfeito. À resposta afirmativa, seguiu-se um largo sorriso, que prontamente deu lugar a uma espécie de pedido: "Força contra a Alemanha, deem cabo deles!"
Chamava-se Michal Palek e era polaco. O mistério durou apenas breves segundos. Seguiu-se uma caminhada pela Marienplatz, um olhar sobre o surpreendentemente contido entusiasmo alemão em redor do Euro e uma espreitadela rápida a um dos famosos "biergartens". Os aromas e sons das carnes a crepitarem na brasa abriram o apetite e, como a próxima paragem já estava definida, o almoço foi ligeiramente antecipado.
Uma longa caminhada - debaixo de 33 graus - até ao Restaurante Portugal foi compensada com a alegre fonética lusa: "Ora então bom dia!" Manuel Monteiro, natural da freguesia de Rans, em Penafiel, surgiu com um caloroso cumprimento, não hesitando em dar a conhecer um pouco das suas vivências.
"Estou aqui há 24 anos, abri o restaurante há oito, antes tinha outro. Recebo mais alemães, curiosos em experimentarem as iguarias do nosso país. Ao fim de semana é que há mais portugueses", contou, rodeado de paredes minuciosamente decoradas: uma fotografia do Palácio da Pena, um cachecol de Portugal e até uma camisola do Benfica. Num salão anexo, a "joia da coroa": um painel com gravuras de Camões, da Torre dos Clérigos, do galo de Barcelos e outros símbolos da cultura lusa.
Sobre o jogo de hoje, um prognóstico confiante: "2-1 para Portugal, claro. Marca o Ronaldo e, se jogar, o Rafa." O almoço foi bitoque, acompanhado de cerveja alemã - sem álcool, diga-se - e rapidamente devorado. A tarde era de trabalho para O JOGO e também para Manuel. "Temos cá um grupo grande que vem de Budapeste para jantar. Alguns até devem ser adeptos que assistiram lá ao jogo do Euro", detalhou, em alusão ao Hungria-Portugal da primeira jornada.
A refeição, essa, foi generosamente oferecida - "É meu convidado"- e a labuta que se seguia não impediu Manuel de indicar o caminho certo para o centro da cidade, através da rede de metro. À boa moda portuguesa, com certeza.