Extremo Miguel Cardoso joga há três anos na Turquia e conhece bem o adversário de hoje da Seleção Nacional. Diz que o jogador e o treinador português têm uma boa imagem na Turquia
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Como viu o desempenho dos seus compatriotas na época que passou?
-Esperava que ao Fernando Santos lhe dessem mais tempo para começar esta época a treinar desde o início. Infelizmente não correu da melhor forma para ele. O Besiktas é um clube que não fez uma época estável, apesar de ter acabado por ganhar a taça na última semana. Já o Sérgio Oliveira foi campeão no Galatasaray, mas teve o azar de ter uma lesão e perder grande parte da época. Não jogou tanto quanto queria, certamente.No Kayserispor, o Carlos Mané acabou por aparecer mais agora na parte final. Também teve alguns contratempos durante o ano. O Aylton Boa Morte fez a época praticamente toda. O jogador e o treinador português têm muita qualidade e acho que este é um campeonato onde estamos bem vistos.
Sente que os clubes turcos estão atentos ao mercado português, é isso?
-Sim, porque há cá sempre portugueses, sejam jogadores ou treinadores. E é um bom campeonato a todos os níveis para a forma como vemos o futebol.
É também um campeonato recompensador a nível financeiro, onde se paga mais do que em Portugal?
-Sem dúvida. Não podemos negar esse facto. Em Portugal a realidade é completamente diferente. O fator financeiro é importante mas, mesmo desportivamente, penso que o campeonato turco é muito bom, muito competitivo e acho que se consegue juntar o útil ao agradável.
Mas o campeonato que terminou foi muito desequilibrado...
-Foi um campeonato onde duas equipas se destacaram desde o início. Galatasaray e Fenerbahçe não deram hipóteses às outras, o que acabou por influenciar a tabela. Principalmente nos lugares de baixo, com poucas distâncias e em que muitas equipas estiveram a lutar pela permanência, como foi o nosso caso.
“Estou melhor jogador e posso evoluir ainda”
Apesar da menor participação em golos, Miguel Cardoso gostou dos seus desempenhos individuais.
Como lhe correu a época?
-Correu bem. Foi a minha terceira época na Turquia e o balanço é positivo. Tive alguns contratempos, foi um ano longo, com bastantes mudanças no clube, a nível de treinadores, jogadores e Direção. Mas aquilo que conta é que o objetivo, que passava pela permanência, foi conseguido. Por isso, foi uma época bem conseguida.
Desde que chegou à Turquia esta foi a época em que fez menos golos (2) mas foi a sua melhor em assistências (7). O que contribuiu para isso?
-Talvez tenhamos mudado um pouco a forma de jogar com as trocas de treinadores que tivemos. A última época não foi particularmente fácil para mim para fazer golos, mas pelo menos consegui fazer mais assistências. Foi a minha melhor época nesse capítulo, ainda que, no global destes três anos no Kayserispor, tenha sido o ano com menor participação em golos.
Sente que o seu rendimento oscilou em virtude das mudanças de que falou, nomeadamente de treinadores?
-Da análise que faço ao meu rendimento nestas três épocas, se calhar, a nível de performance e de qualidade de jogo, esta última até foi a melhor. Mas isso não se traduziu nos números. Pelo menos nos golos. Quanto à equipa, tivemos um período, em janeiro, em que perdemos bastantes jogadores que foram jogar na CAN e na Taça Asiática. Esse foi um mês bastante complicado, perdemos oito jogos seguidos. Tivemos de recuperar desse mês e a época foi também atribulada por isso.
Aos 29 anos sente que já atingiu o auge da carreira ou considera que ainda pode evoluir e chegar a um nível superior?
-Espero que o pico ainda esteja longe. Sinto-me muito bem física e psicologicamente. Sinto que cada vez estou melhor jogador e tenho muito para evoluir ainda.