Inglaterra, que já tinha sido o primeiro país a superar os 1000 M€, em 2014, bateu de forma inédita os 2000 M€ em gastos numa só janela estival de mercado, suplantando mesmo o recorde de uma época completa, de 2180 M€, também vindo de 2017/2018.
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A Liga inglesa de futebol obteve no verão um recorde de investimento de 2240 milhões de euros (M€) no mercado de transferências, que fechou na quinta-feira, divergindo da recuperação lenta de Itália, Alemanha, França e Espanha.
A 23 de agosto, quando restava pouco mais de uma semana para o final da janela de verão, os 20 clubes da Premier League já tinham gastado conjuntamente 1700 M€ em reforços para 2022/23, quebrando o anterior máximo, de 1610 M€, fixado em 2017/18.
Inglaterra, que já tinha sido o primeiro país a superar os 1000 M€, em 2014, bateu de forma inédita os 2000 M€ em gastos numa só janela estival de mercado, suplantando mesmo o recorde de uma época completa, de 2180 M€, também vindo de 2017/2018.
Líder incontestada de mercado pelo 11.º verão seguido, a Premier League jamais tinha alcançado tão rapidamente o montante dos 1000 M€ em transferências como este ano, precisando de aguardar até 17 de julho - apenas Espanha foi mais célere há três anos.
Na prática, a Liga inglesa despendeu nos últimos dois meses pouco menos dinheiro do que os outros quatro principais campeonatos europeus em conjunto, que perfizeram 2.296,95 M€: Itália (749,23), França (557,95), Espanha (505,69) e Alemanha (484,08).
Se o investimento para 2022/23 incrementou consideravelmente em Inglaterra (900 M€) face ao período homólogo da temporada 2021/22, essa subida revelou-se mais tímida na análise à Serie A (126,61 M€), Ligue 1 (157,33), La Liga (203,72) e Bundesliga (58,83).
Estes últimos quatro países até tinham batido máximos de despesa em simultâneo em 2019/20, época assinalada pela súbita paragem das competições, devido à pandemia de covid-19, cujos efeitos financeiros, aos quais se juntaram recentemente os da guerra na Ucrânia, afetaram a liquidez generalizada dos clubes nas janelas de mercado seguintes.
Itália (1230 M€ gastos no verão de 2019, 39,1% de quebra face a 2022), França (711,4 M€, 21,6%), Espanha (1380 M€, 63,4%) e Alemanha (747,3 M€, 35,2%) repercutiram a austeridade nos big-5, cuja exceção vai sendo Inglaterra (1450 M€, 54,5% de subida).
Dos 20 clubes mais gastadores este verão na Europa, 12 atuam na Premier League e 10 passaram a fasquia dos 100 M€, surgindo no top-5 Chelsea (278,99 M€), Manchester United (238,02 M€), West Ham (182 M€), Tottenham (169,9 M€) e Nottingham Forest (161,95 M€), projetado pelas receitas decorrentes do regresso à elite ao fim de 23 anos.
O top-10 fechou com Manchester City (139,5 M€) e Wolverhampton (136,6 M€), entre o vice espanhol Barcelona, sexto colocado (153 M€), o campeão francês PSG, sétimo (147,5 M€), e o "deca" germânico Bayern, nono (137,5 M€).
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Os clubes ingleses registaram também os piores saldos entre compras e vendas, com o Manchester United no topo (prejuízo de 226,52 M€), seguido de Chelsea (-224,19), West Ham (-164,2), Nottingham Forest (-154,95) e Newcastle (-136) nos cinco postos iniciais.
Benfica (27.º), FC Porto (33.º) e Sporting (38.º) integraram o lote dos 40 emblemas do "Velho Continente" mais gastadores no verão de 2022, mas, em contrapartida, foram dos que mais embolsaram - "águias" no terceiro lugar, "leões" no quarto e "dragões" no 14.º.
A tabela de vendas foi liderada pelo tricampeão neerlandês Ajax, com 216,22 M€, dos quais 95 M€ surgiram com a mudança do avançado brasileiro Antony para o Manchester United, oficializada na quinta-feira, que representou o negócio mais caro em 2022/23.
972,07 dos 1227,07 M€envolvidos em 15 das 20 transferências mais avultadas saíram da conta de clubes da Premier League, que tornaram o campeonato português um dos principais beneficiados por esse poder financeiro, ao averbar 175 M€ em quatro atletas.
Os 75 M€ pagos pelo Liverpool ao Benfica pelo uruguaio Darwin Núñez possibilitaram o segundo maior negócio de sempre do futebol luso, enquanto o campeão nacional vendeu Fábio Vieira ao Arsenal, por 35 M€, tendo o Sporting consumado as saídas de Matheus Nunes e João Palhinha para Wolverhampton e Fulham, por 45 e 20 M€, respetivamente.
Comparando com outros campeonatos, a I Liga portuguesa cotou-se como sétima em despesas (169,85 M€) e sexta em receitas (431,35), refletindo esses recordes no melhor saldo entre entradas e saídas a nível mundial (261,5), que é perseguido pelos Países Baixos (184,1 M€) e contrasta com o balanço negativo da elite inglesa (-1.352,46 M€).