"O Hamas usa crianças como escudos humanos. Porque é que Benzema não diz isso?"
Jogador foi acusado de ter vínculos à Irmandade Muçulmana, após sair em defesa da Palestina.
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Nadine Morano, eurodeputada que, tal como o ministro do Interior francês, acusou Karim Benzema de estar ligado ao grupo terrorista Irmandada Muçulmana, após o avançado ter publicado uma mensagem de apoio à Palestina nas redes sociais, defendeu esta quinta-feira a posição que tomou.
Em entrevista à rádio RMC Sport, a eurodeputada começou por visar a publicação do avançado do Al Ittihad, da Arábia Saudita, considerando que foi tudo menos "inocente". Defendeu ainda que o jogador deveria ter deixado uma palavra sobre as vitímas francesas aquando do ataque do Hamas a Israel.
Recorde-se que Benzema escreveu: "Todas as nossas preces vão para os habitantes de Gaza, que voltaram a ser vítimas destes bombardeamentos injustos, que não pouparam mulheres ou crianças", criticando a forma como Israel respondeu ao ataque da organização terrorista, no dia 7 de outubro.
"Sabem muito bem que não há nenhuma conta com 20 milhões de seguidores em que um "post" seja inofensivo. O que ele escreveu, em que denuncia os bombardeamentos injustos e pensa na população de Gaza, ninguém o pode censurar por defender a causa palestiniana. Eu própria sou a favor da constituição de dois Estados. Mas o que foi profundamente chocante foi o facto de ele saber que tem uma ressonância especial quando é seguido por 20 milhões de pessoas (...) A sua mensagem foi direcionada de forma exclusiva. Ele é francês, nasceu em Lyon, tem dupla nacionalidade [informação desmentida pelo advogado do jogador] e não diz nada sobre as vítimas francesas, os reféns franceses que estão detidos na Faixa de Gaza, não denuncia o terrorismo e não denuncia os crimes hediondos deste ataque que teve lugar em território israelita. O que é grave é o que ele não escreveu, o que dá maior ressonância ao que ele escreveu. (...) Ele está a atirar-se para a praça pública e não escreveu isto de uma forma trivial", apontou.
"Quando se tem nacionalidade francesa, quando se tem um professor que acaba de ser assassinado no nosso território, quando se tem reféns detidos na Faixa de Gaza que ele apoia, quando se tem franceses e franco-israelitas assassinados em território israelita, é impensável não ter uma mínima mensagem para eles. Ele tem a nacionalidade, mas não exageremos, francamente. Ele foi uma estrela do futebol porque nasceu em França, cresceu em França, frequentou centros de treino franceses e porque foi chamado para a seleção nacional francesa. E, no entanto, não há nenhuma mensagem, nem uma palavra, para um professor que acabou de ser assassinado e que é francês? Não tem uma mensagem para todos os reféns, para todas as mulheres que foram assassinadas, violadas, estripadas?", questionou a eurodeputada.
"O Hamas usa mulheres e crianças como escudos humanos. E porque é que o Karim Benzema não diz isso? Se há muitas mortes na Faixa de Gaza, é também porque o Hamas governa e dirige a Faixa de Gaza. Apoiar Gaza significa, por definição, apoiá-lo implicitamente. É isso que é deplorável. (...) Continuo a achar deplorável que Karim Benzema não tenha condenado o terrorismo. Ele sabe muito bem o que está a escrever. Sabendo muito bem o que está a escrever e a ressonância que terá em França, no mundo árabe-muçulmano, entre os loucos islamistas que estão no nosso território (....), a certa altura todos têm de assumir responsabilidades e uma personalidade como ele tem um dever. O seu dever não é apenas ser aplaudido quando marca golos e ganha milhões e milhões na sua conta bancária", completou.
Refira-se que o advogado de Benzema já confirmou que vai apresentar queixa por injúria pública contra Gérald Darmanin, ministro do Interior francês, sendo provável que a mesma denúncia seja apresentada contra Nadine Morano.