Da extinta Taça Mitropa ao modesto Bohemians, clube que deu Panenka ao futebol, a capital checa tem muito mais para contar a nível desportivo do que, à primeira vista, pode parecer.
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A entrada dos jornalistas no Eden Arena, casa do histórico Slávia de Praga faz-se pelo museu. Uma coletânea de memórias e artefactos de um clube que, outrora, era um dos baluartes do império futebolístico da extinta Checoslováquia. Entre os murais compostos por imagens de glórias passadas e os troféus em exposição, surge uma camisola de um velho conhecido do futebol português: Karel Poborsky, ex-jogador do Benfica e carrasco de Portugal no Euro"96.
O responsável pelo espaço sorri quando O JOGO lhe menciona essas duas curiosidades. Além do Slávia, Poborsky representou outros dois clubes da capital checa: o rival Sparta e o Viktoria Zizkov, este último "perdido" nos escalões secundários.
Mas há mais. Hoje em dia, Praga é uma espécie de capital do futebol adormecida pelo passar do tempo e pela perda de influência no panorama continental. Longínquos estão os tempos da Taça Mitropa, uma espécie de Champions para emblemas da Europa Central, que tinha nos checos e nos húngaros habituais vencedores. O Bohemians, também de Praga, foi um deles. Um nome que, à primeira vista, pode não dizer muito aos mais distraídos; um pouco à semelhança do seu estádio, o velhinho e modesto Dolicek, cerca de dois quilómetros a Este da Eden Arena. O caso muda de figura quando se fala da mais emblemática figura do clube que tem um canguru como símbolo: Antonín Panenka. E o autor daquele que, provavelmente, foi o mais icónico penálti da história do futebol continua ativo, na qualidade de presidente do Bohemians.
Pedaços de história desportiva que fazem de Praga uma cidade encantadora para lá dos seus inúmeros pontos turísticos e atrações históricas. O tempo tirou força e poderio internacional aos clubes da maior cidade da Chéquia, mas não apagou as memórias de grandeza que as paredes de cada estádio contam. Porque os ídolos, como Poborsky ou Panenka, continuam presentes, de uma forma ou de outra. E não há quem os esqueça.