Rainha do rock e a participação ativa da Democracia Corinthiana. Uma história de fervor clubístico.
Corpo do artigo
Morreu Rita Lee e o Brasil derrama lágrimas pela rainha do rock, meses depois de perder outra das suas musas musicais, também eterna, Gal Costa. Rita desbravou caminhos psicadélicos ainda com os Mutantes, foi sempre uma rebelde de muitas causas, criando música, enleando os seus fãs e conquistando apreço e simpatia por todo o Brasil e todo o mundo. A solo foi sempre desconcertante, uma figura internacional a reboque de tantos temas que a eternizaram, contribuindo com o seu talento e personalidade subversiva para o engrandecimento da música brasileira, nunca com uma só cara, inventando e fundindo estilos.
Rita foi, além do mais, uma acérrima lutadora contra a ditadura e voz nunca silenciada em qualquer momento do Brasil. A cultura brasileira ficou mais pobre e o impacto de Rita Lee está também evidente no futebol, amada por muitas torcidas, mas com um coração dominado pela sua paixão corinthiana. Em 1972, com os Mutantes, gravara a sua homenagem ao clube 'Amor Branco e Preto'. O fervor clubístico levou-a mesmo a dividir palco em 1982 com Sócrates, Casagrande e Wladimir, eram estes, na época, os rostos que expressavam a força da carismática Democracia Corinthiana, movimento reivindicativo dos atletas que marcou uma mudança de paradigma no Brasil.
Casagrande, antigo avançado do FC Porto, ofereceu mesmo a sua camisola autografada a Rita. O concerto teve lugar no Ginásio de Ibirapuera em São Paulo, em novembro de 1982, tendo a autora e intérprete de sucessos como Lança Perfume, Ovelha Negra ou Fruto Proibido, famosa também pela sua carreira em Mutantes com temas célebres como A Minha Menina, chamado ao palco os jogadores com quem comungavam dos ideais de maior justiça social.
O Corinthians expressou o seu luto por uma 'torcedora apaixonada que participou ativamente da Democracia Corinthiana", mas outros clubes também não passaram ao lado de momentos de empatia da cantora com as instituições, casos do Internacional e do Atlético Mineiro. O clube de Porto Alegre rendeu tributo à cantora que faleceu com 75 anos como a primeira mulher nomeada consulesa cultural do Colorado. "Hoje o Brasil despede-se da sua rainha do rock, Rita Lee, uma das figuras mais revolucionárias, questionadoras e importantes da cultura nacional", extrai-se numa mensagem forte.
De Minas Gerais, foi o Atlético Mineiro a puxar de galões pela simpatia da cantora pelo Galo. "Deixa um legado de talento, inovação e resistência para a música brasileira. Fica a sua contribuição para a cultura do país e o carinho que demonstrou pelo Atlético ao declarar-se torcedora do clube em Minas". De facto, Rita Lee justificou esse apreço pelo Atlético Mineiro muito fruto da sua condição alvinegra, semelhante ao Timão. Em pleno concerto, em 2003, intitulou-se Ovelha Alvinegra, levando o clube rapidamente a agilizar esforços para a presentear com o Galo de Prata, a maior honra do clube.
16323426