Félix Correia, 23 anos, chegou, viu e venceu em Barcelos. Precisou apenas de uma época de empréstimo para o Gil Vicente o contratar à Juventus, clube onde partilhou balneário com Ronaldo
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Depois da saída do Sporting, aos 18 anos, e de quatro anos de experiências no estrangeiro, o extremo parece ter encontrado no Gil Vicente o local ideal para dar asas a todo o seu talento.
Protagonizou uma mini-novela de verão, com vários clubes interessados em si, como o Vitória. Por que escolheu o Gil Vicente?
- Gostei de estar aqui, recebi um carinho enorme no primeiro ano. Também entendi dar um bocadinho de mais estabilidade à minha carreira, com dois anos seguidos no mesmo clube, onde toda a gente gosta de mim.
Foi no Gil Vicente que o trataram melhor e lhe deram mais valor?
- Todos os clubes me trataram bem, mas aqui no Gil senti um carinho especial. Pelas pessoas da estrutura, as que trabalharam comigo diariamente. Esse foi o maior motivo que me fez continuar cá.
Estava à espera de ter uma época tão boa e regular?
- Sim, porque sempre meti isso na minha cabeça. Alcançar objetivos maiores e bons números. Depois da meia época no Marítimo, voltei a Portugal com esse objetivo de fazer melhor.
Representa o maior negócio de sempre do Gil Vicente. Sente-se pressionado por isso?
- Não me sinto com pressão, mas acarinhado pelas pessoas. Isso foi um voto de confiança de toda a estrutura do Gil Vicente em mim e só tenho que retribuir na mesma medida. É isso que faço todos os dias.
Definiu alguma meta individual para esta época?
- Não tenho uma meta definida de golos ou essas coisas. Só penso dia após dia, ajudar a equipa, mas claro que tenho o objetivo natural de superar os números da época passada, sem colocar em mim essa pressão de fazer dez golos ou o que seja. Porque se a puser na minha cabeça, mentalmente vai refletir-se em campo e prefiro não pensar assim e ajudar a equipa em primeiro lugar. Só depois penso em mim.
Elogiam-lhe o talento, mas também o compromisso com a equipa, mesmo defensivamente. Foi uma das melhorias no seu jogo que trouxe da experiência no estrangeiro?
- Foi. Especialmente em Itália, pela paixão com que os italianos vivem o futebol. Ensinaram-me muito nesse aspeto, algo que não tinha quando cheguei lá. E, hoje em dia, muita gente já me chama de animal competitivo, por esse compromisso que tenho com a equipa. É uma obsessão por ser competitivo, não gostar de perder um jogo, um duelo, falhar um golo ou um passe.
Meteu na cabeça que para fazer uma boa carreira não bastante o talento.
- Sim, aprendi muito isso, também por ter trabalhado com o Cristiano na Juventus.
Que ensinamentos ele lhe passou?
- Com o Cristiano foi a disciplina, a competitividade e vivenciar isso de perto ajudou-me muito. Fez-me ver o que queria para a minha vida e o que precisava de fazer para lá chegar. Ele se calhar não sabe como me ajudou, mas ajudou-me muito. Nunca lhe cheguei a dizer, mas hoje em dia sou muito grato a ele, porque me ensinou muitas coisas.
“Fujimoto? Nunca tinha visto um jogador assim”
Neste arranque de época, Félix Correia e Fujimoto têm formado uma sociedade que joga de olhos fechados, com a dupla a assumir oito dos 12 golos da equipa. Neste contexto, o extremo confessou que o japonês foi o jogador que mais o surpreendeu. “Já partilhei balneário com muitos grandes jogadores, mas a capacidade de raciocínio, a inteligência, a maneira como o Fuji se posiciona no campo… nunca tinha visto um jogador assim. É um fora de série. E nós os dois já nem precisamos de falar muito um com o outro, porque ambos sabemos o que o outro vai fazer”, realça.