"Nunca esperei ter um impacto tão grande, a ponto de ter já uma música para mim"
Cláudio Braga foi descoberto pelohistórico Hearts na II Ligada Noruega e encantou de imediato os adeptos
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Oito jogos, cinco golos e uma assistência. Dificilmente o início de estadia no histórico Hearts podia estar a correr melhor para Cláudio Braga, avançado português que se estreia numa I liga europeia depois de ter dado nas vistas nos escalões secundários da Noruega.
Com cinco golos e uma assistência em oito jogos disputados, o atacante de 25 anos foi eleito Jogador do Mês de julho e até já tem um cântico, inspirado no hit mundial “Radio Ga Ga”, dos Queen.
Está a ter um início ainda melhor do que esperava ou já chegou ao clube de Edimburgo com a confiança de que iria correr tudo da melhor forma?
—Quando fui contratado, senti que o interesse do clube em mim foi tão grande que quase tinham de apostar em mim. E isso deu-me muita confiança. Senti-me valorizado e senti que ia ser uma peça importante neste clube. Mas confesso que nunca esperei ter um impacto tão grande em tão pouco tempo, a ponto de ter já uma música de um minuto e meio para mim [uma adaptação do hit dos Queen “Radio Ga Ga”, criado em 1984].
Quais são os objetivos do Cláudio Braga para esta época que agora se inicia, de um ponto de vista coletivo mas também individual?
—O clube quer regressar às competições europeias, onde costuma ir praticamente todas as épocas, e ganhar um troféu. O objetivo claro é o terceiro lugar no campeonato, mas o novo investidor assumiu como intenção intrometer-se no Old Firm, ou seja, ficar entre Celtic e Rangers. Em termos individuais, defini objetivos altos porque aqui fazemos muitos jogos: quero chegar às 20 participações diretas em golo, entre golos marcados e assistências.
Do que já teve oportunidade de experienciar, o futebol escocês está a surpreendê-lo de alguma forma?
—Apanhou-me de surpresa pela positiva: a fluidez de jogo, não há faltinhas, é sempre a andar, e mesmo quando há faltas, são batidas rápido. Os próprios adeptos caem em cima dos jogadores se virem que eles estão a perder tempo. É preciso jogar para a frente, não parar. O guarda-redes faz uma defesa e não fica no chão, levanta-se logo e põe a jogar. O meu pai veio ver o primeiro jogo do campeonato e disse que nunca tinha visto um futebol assim. Tem muita intensidade, é sempre a andar.
Tem semelhanças com o futebol norueguês?
—Na Noruega também era muito físico, mas já era mais pausado. Mas aqui são mais agressivos, mais “fibrados”, mais intensos nos duelos. Eu gosto dessa parte intensa do futebol, acho que me cai bem. Eles aqui gostam muito de energia e agressividade, e isso é dos meus pontos fortes. Acho que é principalmente essa a razão de os adeptos já gostarem tanto de mim, pela energia que trago ao jogo. Vou sempre tentar fazer golos, mas nunca posso sair de um jogo com a sensação de que não dei o máximo.
Já lhe aconteceram algumas histórias curiosas aí?
—Não é propriamente uma coisa curiosa, mas o que mais me chocou foi o ambiente no estádio no primeiro jogo. Não estava nada à espera, passei metade do tempo de boca aberta a olhar para a bancada, o som dos adeptos ecoava de uma maneira… mesmo fora do normal. Cada momento vive-se mesmo a mil por cento, o “aaaah” do passe falhado, do remate ao lado, é impossível uma pessoa não sentir. Agora já me habituei mais, mas no primeiro jogo estava mesmo muito nervoso.