Nico Williams defende imigração e aponta: "Falta-se demasiado ao respeito"
Campeão da Europa por Espanha admite que essa conquista lhe mudou a vida, mas nem tudo para melhor, já que a fama impede-o de fazer certas coisas
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Vencedor do Euro’2024 enquanto titular indiscutível de Espanha, Nico Williams admitiu esta terça-feira que essa conquista lhe mudou a vida, dando-lhe um nível de fama que transcende o apoio dos adeptos do Athletic Bilbau.
Em entrevista ao jornal “El Mundo”, o extremo de 22 anos, que marcou dois golos e fez uma assistência em seis partidas disputadas no Europeu, apontou que nem tudo sobre a sua subida ao estrelato é positivo, já que deixou de poder fazer certas coisas de que gostava, mas mostrou-se muito agradecido pelo amor que tem recebido de toda a Espanha nos últimos meses.
“Em Bilbau as pessoas respeitam-te bastante. Jogar com o Athletic é um privilégio e toda a gente te trata maravilhosamente, é tudo elogios e não te assobiam, mas noutros sítios a coisa complica-se mais. Sempre gostei de ir a Madrid, mas nas últimas vezes não fui à Gran Vía. Agora entendo que o meu nível de fama mudou e há coisas que é melhor não fazer, mas em qualquer caso é muito bonito e estou a desfrutar da experiência. Como é que não vou gostar que as pessoas me adorem tanto?”, afirmou.
Noutro tópico, Williams, cujos pais são naturais do Gana, tendo-se mudado para Bilbau em busca de uma vida melhor, não hesitou em defender a imigração, dizendo que quem chega a Espanha oriundo de outros países deve ser recebido com carinho e apoiado o máximo possível.
“É importante consciencializar todos de que muita gente vem para Espanha à procura de pão, a tentar conseguir um futuro que não têm nos seus países e dar uma vida melhor aos seus filhos. A minha família fez essa viagem e contámo-la há pouco tempo num filme que creio que explica perfeitamente como são assim quase todos os que vêm para aqui. Creio que Espanha está a avançar no bom caminho e há que continuar assim. Estou muito contente por ver que se avança nessa batalha contra o racismo. Eu também olho para as pessoas que vêm de África ou donde quer que seja e que estão a viver a mesma situação que eu tive na minha casa. São pessoas que merecem ajuda e apoio, não ódio. Vou tentar fazer o máximo que esteja nas minhas mãos para que essas pessoas possam ter uma vida melhor”, vincou.
O extremo foi ainda questionado sobre umas declarações polémicas de Vinícius Júnior, nas quais o internacional brasileiro do Real Madrid considerou que, “se o racismo em Espanha não mudar até 2030, o Mundial deveria mudar de lugar”, com Williams a lamentar que se falte “demasiado ao respeito” nos estádios de futebol.
“Obviamente, eu não estou na pele de Vinícius e não sei o que ele sente. Eu posso falar por mim e é certo que no futebol se insulta demasiado. Não gosto que insultem os demais, seja Vinícius ou Luka Modric. No campo tens de desfrutar e apoiar a tua equipa sem necessidade de insultar ninguém. Ultimamente têm-se visto demasiados episódios em poucos dias. O dérbi madrileno, os ‘flares’ em Roma... não os entendo. Creio que temos de refletir, porque não entendo estes comportamentos e fazem o futebol pior. Falta-se ao respeito ao próximo demasiadas vezes”, concluiu.