"Neste arranque, contar com Cristiano Ronaldo e com Pepe na Seleção faz sentido"

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EPA
O JOGO auscultou as opiniões de Jorge Andrade, Augusto Inácio e Vítor Paneira, que veem Diogo Leite como a principal surpresa da lista inaugural de Roberto Martínez. Nova tática gera expectativa.
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Ser selecionador de Portugal e fazer uma convocatória que agrade a todos é, face à qualidade disponível e às vagas limitadas, uma missão quase impossível. Contudo, a primeira lista de Roberto Martínez não andou longe de ser consensual. Essa é uma das conclusões retiradas da análise levada a cabo por Jorge Andrade, Augusto Inácio e Vítor Paneira, ex-jogadores consultados por O JOGO, que não ficaram surpreendidos com a toada de continuidade seguida pelo técnico espanhol em relação ao legado deixado por Fernando Santos. Nesse sentido, o trio de antigos internacionais aprova a continuidade dos capitães Pepe e Cristiano Ronaldo no primeiro lote de 26 da nova era da Seleção, por entenderem que a experiência do duo será benéfica em termos de balneário, assim como aquilo que, desportivamente, ainda podem dar.
Por outro lado, e ressalvando que falar em "injustiçados" é uma abordagem algo ingrata, há três nomes que se destacam entre os que ficaram de fora: Pedro Gonçalves, Florentino - estes dois unânimes - e Nuno Santos. Os dois jogadores do Sporting, refere Jorge Andrade, "fariam sentido" atendendo à provável aposta de Martínez num sistema de três centrais, tática implementada na equipa de Rúben Amorim, que, de resto, foi um dos exemplos apontados por Augusto Inácio, ele que, em simultâneo, pede tempo para avaliar os dividendos dessa eventual aposta.
Voltando aos nomes que, efetivamente, foram chamados, Diogo Leite surge como a principal novidade. Um rosto que, a par de Gonçalo Inácio, abre a porta ao início da renovação, como refere Paneira.
INQUÉRITO
1 - Qual o nome mais surpreendente? Concorda com a continuidade de Pepe e Ronaldo?
2 - Martínez falou em 35 nomes que podiam estar na lista. Quem foram os "injustiçados"?
3 - A provável aposta num sistema de três centrais adequa-se ao contexto da Seleção?
Jorge Andrade, antigo internacional português
1 - Desde a reunião de Roberto Martínez com Ronaldo que havia essa ideia de estabilidade. Neste arranque, contar com ele e com Pepe faz sentido, vão transmitir experiência aos mais jovens. Depois, não sabemos se vão manter o mesmo nível até ao fim da qualificação. De resto, entraram dois jogadores com características diferentes, centrais esquerdinos. Diogo Leite, que nunca tinha sido chamado, é a grande novidade. O Inácio, mais cedo ou mais tarde, iria entrar. E há nomes com peso de fora, como William e André Silva.
2 - Os nomes mais fortes são o Pedro Gonçalves, o Florentino e o Nuno Santos. Pensando em jogar com um esquema de três defesas, o Pote e o Nuno Santos fariam sentido. E o Florentino também é jogador de seleção. Mas chamar-lhes injustiçados talvez seja exagero, porque com certeza estarão na calha para as próximas convocatórias.
3 - Essa é a grande novidade. Não apresentar um sistema alternativo era uma das falhas que a nossa seleção tinha. As seleções que ganham grandes provas apresentam essa versatilidade, de passar de quatro para cinco defesas consoante o adversário. Foi assim que a Argentina ganhou o Mundial.

