"Nenhum adepto é pago, são fãs porque gostam de Portugal, Ronaldo e não só"
Elisabete Reis, "fan leader" de Portugal no Catar nega, a O JOGO, que haja adeptos pagos no grupo para apoiarem a Seleção Nacional.
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O tema fez estalar a polémica ao longo das duas últimas semanas, quando os eventos de fãs e de apoio às 32 seleções presentes no Mundial'2022 começaram a ganhar relevância à escala planetária: adeptos de várias etnias, a grande maioria pertencente à vasta comunidade imigrante do Catar, surgiram vestidos com as camisolas das equipas mais cotadas da competição, Portugal incluído.
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Logo se levantou a polémica e franziram-se sobrancelhas em relação à verdadeira afinidade desses fãs e não tardaram a surgir as primeiras insinuações: o país organizador, os grupos de fãs e a própria FIFA estariam, a pagar às pessoas para embelezar a imagem da festa catari. O JOGO consultou Elisabete Reis, "fan leader" do grupo "Portugal Fans Qatar", que nega de forma veemente os rumores.
"Fico em polvorosa quando falo nesse assunto, porque afetou-me pessoalmente. O grupo ["Portugal Fans Qata"r] foi fundado por mim e por quatro senhores de Kerala [Índia]. Ao contrário do que as pessoas pensam quando olham para a cor da pele e acham que são trabalhadores das obras, temos elementos de todas as profissões: de trabalhadores das obras a pessoal da aviação, engenheiros, donos de restaurantes, CEO's de hotel... Todas as profissões e com muito orgulho! Pessoas que conheço, outras não, mas são todos dignos", assevera Elisabete Reis, portuguesa radicada no Catar há 16 anos.
"Nem eu, nem nenhum deles são pagos. Fui convidada para ser a "fan leader" de Portugal no Catar, por viver aqui desde 2006, pelo trabalho que tenho, pela influência que as minhas páginas têm... Foi um convite que aceitei de forma voluntária, por amor à camisola. Estou a trabalhar horas infinitas em cima da minha agenda super-carregada. Sou consultora de imagem, etiqueta e protocolo, trabalho nisso todos os dias e ainda junto este papel de líder do 'Portugal Fans Qatar'. Aceitei por carinho, orgulho e por achar que era mais uma forma de representar o meu país e unir os fãs da Seleção", defende Elisabete Reis, que explica a dedicação dos adeptos à causa lusa, mesmo dos muitos que não falam português.
"Não é um grupo da comunidade portuguesa, é um grupo que apoia e gosta dos nossos jogadores"
"Não é um grupo da comunidade portuguesa, é um grupo que apoia e gosta dos nossos jogadores. Não só do Cristiano Ronaldo, outros também. Em Kerala acompanham outros jogadores, equipas como o Real Madrid, o Manchester United, veem os jogos, sabem quantos golos marcam, fazem competições... Como é o Mundial, unem-se no amor às várias seleções. Há fãs de Kerala para todas as seleções, porque é a maior comunidade aqui no Catar. Portugal, Brasil, Argentina, Inglaterra... Ninguém é pago, são pessoas que adoram futebol. Eu não vou pagar a ninguém, a FIFA nada tem a ver com o nosso grupo. Foram falsas informações, não procuraram esclarecer junto das pessoas envolvidas. Há carradas de fãs da Índia, ninguém lhes paga, são fãs porque gostam da Seleção, até mais do que alguns portugueses", atira a "fan leader" portuguesa, deixando, como nota final, uma mensagem referente à receção à Seleção em solo catari, que vai decorrer na sexta-feira à noite.
"Amanhã, a maioria não será portuguesa, ainda que acredite que estejam mais alguns do que o habitual. Mas são todos fãs da Seleção, para mim tanto faz onde trabalham, de que cor são... Nós é que devíamos ser mais unidos e ir todos. Mas, se forem mais que não sejam portugueses, são fãs. Isso é que é o importante, que a Seleção se sinta acarinhada", finaliza.