"Não me interessava por futebol, mas diziam-me: 'Tens talento, o que fazes não é normal...'"
Declarações de Bebé, extremo luso-cabo-verdiano do Rayo Vallecano, da LaLiga, em entrevista ao jornal As
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O que resta dos seus tempos de infância, que passou num orfanato? "Tudo! O menino do orfanato só mudou o seu aspeto físico. Conservo a alegria, o respeito, a humildade... Muita gente diz que é humilde e são só palavras, isso demonstra-se com gestos. E não numa semana".
Tem essa instituição solidária tatuada no corpo: "O seu nome, [Casa do] Gaiato. Também tenho do meu filho, da minha avó, da minha mãe, um Cristo... e quero fazer algo do Rayo. A Casa do Gaiato é o sítio que me deu tudo, onde aprendi a ser a pessoa que sou. Eles têm um logótipo e quero fazê-lo também. Continuo em contacto com muitas pessoas desse tempo. Agora é diferente, acolhem refugiados".
Nessa altura, já se destacava com a bola nos pés? "Quando cheguei não me interessava por futebol, mas diziam-me: 'Tens talento, o que fazes não é normal...'. Fui um sortudo porque houve gente que acreditou em mim. Há que trabalhar muito e ser boa pessoa. Se não, não chegas longe. O resto é que te separa".
Personalidade no balneário: "Dizem-me que transmito muita energia. Quem não me conhece pensa que sou arrogante, mas depois dão-se conta de que sou um palhaço (risos). O sorriso também é uma forma de proteger-me".
Foi a profissão ou a rua que lhe ensinou mais sobre futebol? "A rua! A força que tenho vem de jogar ali. Esses pontapés para todos os lados, essas maluquices do drible e as fintas... vêm de jogar com os amigos. A rua ajudou-me a ser diferente em muitas coisas".
Com que sonha? "Em continuar a desfrutar do futebol. Ainda por cima já levo muitos anos no Rayo e falta-me fazer algo histórico, como ir à Europa ou ganhar a Taça do Rei. Seria incrível. O meu sonho é que se recordem de mim. E com Cabo Verde quero chegar o mais longe possível na Taça de África [CAN]".