O presidente do Bréscia, último do Calcio, vive no centro do furacão, na região da Lombardia, uma das zonas do território italiano mais afetadas pela pandemia do novo coronavírus.
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Polémico, desconcertante, desafiador, pretensioso, impetuoso... Massimo Cellino cabe em todas estas categorias e muitas mais. O presidente do Bréscia, último do Calcio, vive no centro do furacão, na região da Lombardia, uma das zonas do território italiano mais afetadas pela pandemia do novo coronavírus. Isolado da família, diz que "a temporada acabou", desafiando quem manda no futebol. Mas diz mais, no estilo enérgico que o caracteriza... "Primeiro a vida, f...-se!"
"O campeonato acabou. O Lotito [presidente da Lázio] quer o campeonato? Que fique com ele. Isto é a peste", atirou, numa entrevista ao "Corriere dello Sport".
Não se pense, porém, que o carácter controverso deste homem nascido há 63 anos na capital da ilha da Sardenha (Cagliari) se revelou agora. Cellino tem uma longa história de episódios polémicos nos clubes que liderou. Não foi por acaso que lhe deram a alcunha de "devorador de treinadores", tal o à-vontade e velocidade com que puxa do chicote para os despedir. No Cagliari, onde deu início à aventura e esteve 22 anos, passaram pelas suas mãos 36 técnicos. Foi também neste clube que se autossuspendeu, depois de ter "furado" a ordem de um jogo à porta fechada, e que foi detido por alegadas irregularidades no Estádio IS Arena.
Não se pense, porém, que o carácter controverso deste homem nascido há 63 anos na capital da ilha da Sardenha (Cagliari) se revelou agora. Cellino tem uma longa história de episódios polémicos nos clubes que liderou.
O pontapé de saída foi em Itália, mas há muito que o empresário estava de olho na liga inglesa. Obsessivo, forçou a entrada no Leeds em 2014, depois de um processo turbulento, com inúmeras críticas públicas à federação por esta considerar que a empresa que Cellino detinha, a Eleonora Sport Ltd., não apresentava a transparência exigida. Após alguns recursos, lá se confirmou como dono do clube.
Pouco tempo depois fechou contas em Inglaterra devido a um processo de evasão fiscal com as suas empresas, em Itália. A FA aproveitou a deixa e colocou-o no primeiro avião de regresso a casa - o capítulo inglês só seria fechado, no entanto, um pouco mais tarde.
E foi já como dono do Bréscia que sucumbiu ao estilo excêntrico de Balotelli e demonstrou a sua pior faceta publicamente. "É negro, está a trabalhar para clarear", disse Cellino. A declaração teve eco a nível mundial e, numa tentativa frustrada de tentar emendar o registo anterior, afirmou tratar-se de uma "piada paradoxal, claramente incompreendida". Quem não entendeu mesmo foi Massimo Cellino, que ficou com o rótulo de racista.
Supersticioso a um nível quase doentio, não gosta do número 17. No Leeds, mandou retirar a camisola com esse número e, no Cagliari, a cadeira número 17 passou a 16 B.
O roxo também está longe da lista de preferências. Só não se sabe se a esposa, francesa, e algum dos três filhos é da mesma opinião.
O líder do Brescia nunca escondeu a sua paixão pelo rock dos anos 70. Foi líder de uma banda, "Maurilios", que se dedicava a tocar música dos Pink Floyd, Rolling Stones, David Bowie, Joe Cocker, Bob Dylan, Jimi Hendrix, entre outros vultos do rock.