"Não estava à espera de uma Alemanha tão forte. Portugal-França? 2016 pode pesar..."
Com o coração dividido entre França e Portugal, Robert Pires dá a receita para travar os campeões mundiais em conversa com O JOGO.
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A França ainda perdia por 1-0 com a Hungria quando, no intervalo do encontro entre magiares e "bleus", Robert Pires acedeu a responder a algumas perguntas colocadas por O JOGO na bancada de Imprensa do Allianz Arena, palco do Portugal-Alemanha de sábado.
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"Não está fácil", desabafou o antigo internacional gaulês, presente no reduto bávaro na qualidade de comentador do canal M6. O pontapé de saída do duelo luso-germânico ainda não tinha sido dado e o ex-futebolista, de raízes lusas, mostrava-se otimista: "Portugal tem estado bem, tem uma equipa muito capaz e com qualidade, como se viu contra a Hungria. Consegue controlar bem o jogo. Acho que tem condições para sair daqui com um bom resultado", afiançou, sem imaginar o que se seguiria. Ronaldo até adiantou os campeões da Europa, mas a exibição de gala da "Mannschaft", aliada à fragilidade defensiva portuguesa, ditou uma dolorosa derrota (4-2) para a equipa das Quinas, a primeira em Europeus desde 2012. "Não estava à espera de uma Alemanha tão forte, sou sincero. Estiveram muito bem, totalmente diferentes do que se viu contra França. Provaram que também podem ir longe no Euro. Não direi até à final, mas as meias-finais parecem um cenário realista", afirmou, em nova troca de impressões já após o apito final em Munique.
Visivelmente surpreendido com o poderio evidenciado pela Alemanha diante de Portugal, o antigo internacional francês mantém a crença nas capacidades da equipa de Fernando Santos
Na sequência do breve rescaldo, o foco virou-se para o jogo de maior cartaz da terceira jornada do Grupo F, que vai opor os finalistas da anterior edição do campeonato da Europa.
Campeão do Mundo em 1998 e filho de pai português, Pires tem sido presença habitual nas mesas de comentários em grandes competições de seleções e, por norma, não esconde o coração dividido: foi por França que fez história enquanto jogador, mas não fica indiferente à ascendência lusitana. Sobre o duelo entre as duas nações, marcado para as 20h00 de quarta-feira - de capital importância para as contas do apuramento para os oitavos de final -, o ex-Arsenal tem uma certeza: "Será um grande jogo entre duas grandes equipas, com grandes jogadores. (...) O futebol é difícil de prever. França venceu a Alemanha, mas não venceu a Hungria [o jogo de Budapeste terminou empatado, 1-1]. Há uma grande rivalidade entre Portugal e França e a memória da final de 2016 pode pesar. Isso pode dar ligeira vantagem a Portugal em termos psicológicos", anteviu Robert Pires, que rejeita a ideia de uma seleção lusa mais débil após o desaire na Alemanha.
Ainda de olho na reedição da final de Paris, deu a receita para "manietar" os campeões do Mundo: "Os pontos fortes são o coletivo e o ataque, que sai sempre muito rápido. Mas ainda têm de melhorar na transição defensiva, tem de existir maior entreajuda entre sectores para dar maior solidez à equipa como um todo. Mbappé e Benzema são grandes jogadores, todos sabem, mas o elemento mais importante é Kanté. É uma peça-chave no meio-campo. Ele e Pogba formam uma dupla muito boa. Se Portugal conseguir bloqueá-los, poderá ficar mais perto da vitória", vaticinou Robert Pires, deixando a "bola" nos pés de Fernando Santos, selecionador luso que tem em mãos o poder de afinar a melhor estratégia possível para o embate decisivo de Budapeste.