"Mundial sem árbitros portugueses? Não estranho, resulta da fraca qualidade do atual quadro"
FIFA indicou ontem o quadro de arbitragem para o Catar"2022 e fez-se história no... feminino. Stéphanie Frappart (França), Salima Mukansanga (Ruanda) e Yoshimi Yamashita (Japão) são as três mulheres que vão apitar no campeonato do Mundo e há ainda mais três mulheres assistentes.
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Pela primeira vez na história dos campeonatos do Mundo masculinos haverá partidas dirigidas por árbitras. No Catar"2022, de 21 de novembro a 18 de dezembro, três mulheres terão a possibilidade de apitar jogos de um Mundial, sendo que o próximo será o 22.º a realizar-se. A FIFA divulgou ontem o quadro de arbitragem para a competição e entre os 36 árbitros principais - assim como entre assistentes e VAR - não estará qualquer português. Por sua vez, a francesa Stéphanie Frappart, a ruandesa Salima Mukansanga e a japonesa Yoshimi Yamashita serão pioneiras.
Além destas, a FIFA nomeou ainda mais três árbitras assistentes: a brasileira Neuza Back, a mexicana Karen Diaz Medina e a norte-americana Kathryn Nesbitt.
Pierluigi Colina, presidente da Comissão de Árbitros da FIFA, comentou a nomeação das árbitras como "o resultado de um longo processo iniciado há vários anos, que começou com a indicação de árbitras para certas competições masculinas de seniores e de jovens".
Para a arbitragem portuguesa este não foi um bom dia. De resto, já no Mundial da Rússia"2018 Portugal estivera ausente ao nível da arbitragem, ao contrário dos dois torneios anteriores com as presenças de Pedro Proença (Brasil"2014), o atual presidente da Liga Portugal, e de Olegário Benquerença (África do Sul"2010).
Três questões a Jorge Coroado, ex-árbitro
"Não estranho ausência de portugueses"
1 - Já esperava que Portugal não estivesse representado no Mundial em termos de arbitragem?
-Não estranho absolutamente nada. É um panorama que se oferecia como muito viável, resultante da fraca qualidade do atual quadro e das sementes podres mal enjorcadas que foram lançadas há uns anos e que, curiosamente, foram produzir resultados idênticos em outras zonas do globo.
2 - A ausência de árbitros portugueses é um reflexo de um momento menos bom da arbitragem portuguesa?
-Como implícito na resposta anterior, obviamente que sim. E vem confirmar aquilo que nestas páginas tem sido afirmado pelos membros do Tribunal O JOGO, nomeadamente por aqueles que, do setor a nível internacional, por experiência e evidência direta, mais conhecimento possuem: Jorge Coroado e Fortunato Azevedo.
3 - Vê a seleção de três árbitras como um reconhecimento da qualidade das mesmas ou como uma medida popular?
-É uma medida que se insere na política universal em vigor. Naturalmente que as árbitras selecionadas terão as suas competências, mas as experiências anteriores e o que foi dado a observar não é sinónimo de que possam igualar os seus companheiros homens numa competição em que as exigências são grandes e, em comparação, estarão numa situação de vantagem (exemplo: testes físicos) relativa aos seus companheiros de género contrário.