Treinador da Roma lamentou a morte do astro brasileiro aos 82 anos. Confira as declarações à RTP 3.
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Infância a ver Pelé: "O Mundial de 1970 foi o meu primeiro, o segundo título do 'rei'. Imagine-se o que significa para a minha geração. Não gosto nada de comparar jogadores de diferentes gerações, é desrespeitoso, mas é tem de considerado como um daqueles que fez o futebol aquilo que é hoje. Tive a honra de poder estar com ele em três momentos diferentes e cada segundo dessas três ocasiões guardo-o com grande carinho."
Recordações dos encontros: "O primeiro [momento] foi em 2005, quando recebi o troféu do 'Sports Personality of the Year'. A BBC convidou, para mima surpresa, o 'rei' para me dar o troféu. Depois, em Manchester, voltei a estar com ele e aí deu para perceber também melhor a dimensão humana. A última vez foi num evento de uma marca que ambos representámos. Aí foi muito mais tempo, foi jantar, foi almoço, um par de dias. É daquelas pessoas que nos faz sentir pequeninos, que são pessoas especiais, que escreveram história de um modo especial. Devorei cassetes com os golos de Pelé, consegui uma vez ver o Pelé jogar no Cosmos [nos Estados Unidos], numa fase final. Para a minha geração, Pelé, Maradona, são qualquer coisa de especial. Não é o prazer, é a honra de os ter conhecido."
Mil golos: "Para mim, os mil golos, que para uns são mil e tantos, para outro serão um pouco menos de mil, foi um goleador tremendo. Um tremendo jogador de equipa. Era fortíssimo de cabeça, driblava, conduzia, assistia, baixava para ligar jogo. Depois, é aquela coisa de ter três títulos mundiais, 17 anos, a figura principal de um Mundial... Carregar um país como o Brasil em três Mundiais. Acho que há muito pouco para dizer, a história está escrita para a minha geração. Somos uns privilegiados. Para esta gente nova de hoje, basta-me sentir o modo como o meu filho está a sentir este momento, ele que nunca o viu a jogar, que não é desta geração, mas conhece a história, que não se apaga."
Legado e Maradona: "Acho que faz parte da cultura. Nem é só do desporto, faz parte da história do mundo. O futebol é o fenómeno cultural de maior expressão. Pelé marcou o futebol de uma maneira muito especial. Depois do futebol, aquilo que ele conseguiu criar em termos de empatia, das suas mensagens de paz, até a maneira como se ultrapassaram rivalidades que se constroem nas carreira, da maneira como soube sair delas, para mim Pelé é o meu primeiro Mundial. Para mim, Pelé é Pelé, Maradona é Maradona. Não se comparam jogadores e personagens como estas. Tive oportunidade de ser amigo do Diego, de ri-me muito com ele, também de aprender, mas Pelé é o senhor Pelé e senhor Pelé é futebol."
Inspiração para os jovens: "Eu acho que cada jogador na sua geração tem influência sobre os sonhos de muitas crianças. Não penso que a criança, como criança, que o ser jogador de futebol poderá levá-lo a uma situação económica ou familiar melhor. Penso que hoje possam ser familiares a pensar assim. A criança, na sua inocência, ou ama ou não ama futebol. A geração Pelé viveu apaixonada, mas hoje trata-se de Pelé que partiu. Dentro da nossa tristeza, podemos rir um bocadinho. Grandes peladas poderão ser jogadas entre Pelé, Maradona e outras grandes figuras."
Morte do futebol: "O futebol morreu hoje, mas o futebol tem esta capacidade de ressuscitar. Com tantos jogadores de grande dimensão que existiram depois de Pelé e que poderão nascer amanhã, pode ser que o futebol ressuscite. Mas hoje o Pelé partiu e o futebol morreu".
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