"Mentiria se dissesse que no início da carreira ponderava estar na Arábia Saudita"
Jorge Fernandes nas decisões da Liga Saudita, defrontando o Al Nassr, de CR7, Al Hilal, de Jesus, e Al Ittihad, de Benzema. O central agarrou uma segunda experiência fora do país, garantindo que a passagem pela Turquia lhe deu bases seguras para nada lhe ser estranho agora. No campo tem marcado posição.
Corpo do artigo
Jorge Fernandes mede a aposta feita pela Arábia Saudita, garantindo que este mercado mexeu com ele a partir da chegada de Cristiano Ronaldo. Contente pelo passo dado, está na luta pelos objetivos de permanência do Al Fateh.
Apontou alguma vez o objetivo da Arábia Saudita ou foi algo que surgiu?
— Sempre tive conversas com o meu agente sobre o que imaginava para a minha carreira, fosse a médio ou longo prazo, colocando vários cenários em cima da mesa, que passassem por ser titular ou jogar pouco. Mentiria se dissesse que no início da carreira ponderava estar aqui. Mas com o passar do tempo, vendo o desenvolvimento desta Liga e com a imagem que o Cristiano Ronaldo impôs, isso veio aliciar vários jogadores. Também me criou o entusiasmo de entrar nestes mercados e acabou por ser um objetivo, traçado recentemente, que foi alcançado.
Olhando ao seu trajeto, não se descortinava tanto um perfil explorador...
— A primeira passagem pelo estrangeiro, na Turquia, deu-me muita bagagem. Foi com esse intuito que aceitei sair novo, pois seria uma forma de me testar para o que viesse mais tarde. Agora foi tudo mais rápido em adaptação e entendimento do contexto. Percebi bem para onde ia. O saldo da Arábia Saudita é muito positivo nessa integração numa cultura própria. As pessoas são extremamente simpáticas e atenciosas, e fazem com que me sinta bem. A avaliação é a de que está a correr bem, dentro das expetativas de todos. Estou num campeonato que ganhou protagonismo e visibilidade com grandes nomes, a começar pelo Cristiano, que abriu as portas a muita gente para experimentar e vivenciar isto.
Pensou testar-se noutros campeonatos?
—Sempre tive o desejo de jogar fora do país, por tudo e mais alguma coisa, pela experiência, desenvolvimento geral como jogador e como homem. Nos sonhos e objetivos estava uma oportunidade nas cinco principais ligas europeias. Não surgiu como queria ou, se surgiu, foi em momentos que não pareceram adequados. Quando és jovem, é legítimo sonhares alto e ambicionares coisas grandes, mas é importante ser consciente a gerir expetativas.
Que retrato do que encontrou nestes nove jogos na Arábia Saudita?
— O futebol na Arábia está dentro do que esperava, competitivo, com as equipas da parte de baixo a conseguirem bater-se e roubar pontos às de cima com frequência. Todas têm grandes individualidades, que podem decidir os jogos, porque é um futebol de muitas transições ofensivas. Em Portugal temos um jogo muito mais tático e equilibrado. Aqui é muito mais aberto e isso traduz-se em golos.
A equipa luta pela permanência e ainda vai defrontar os três poderosos. Difícil missão?
— Já não faltam muitos jogos. São finais e temos de ganhar para sair da situação em que estamos, sabendo que vamos ter adversários fortes pela frente. Sentimos que somos capazes de os poder vencer, por conta da nossa qualidade. Eu, neste campeonato, estou mais exposto a duelos e a margem de erro contra estas equipas mais fortes é nula, conhecendo-se o peso e o nome de muitos atletas. Tenho que colocar o foco no que posso fazer, que é superar os duelos.
Esta aventura pode prolongar-se?
—Assinei por esta época e mais outra, num processo no qual não estive por dentro, mas acredito que tive o aval do treinador, que me conhecia. Abriu-se essa porta, concretizou-se uma intenção minha, espero que seja duradouro. Vamos ver o que o futuro reserva.