Mats Hummels: o bastião do Dortmund que chega à final da Liga dos Campeões
O central alemão é um dos jogadores mais conceituados no futebol mundial. Na coleção de troféus a nível de clubes, só falta um a Hummels
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Mats Hummels é um dos jogadores alemães mais titulados dos últimos anos. O central venceu seis edições da Bundesliga, a Taça da Alemanha por uma vez e ainda um Mundial com a seleção alemã. Disputou uma única final de Liga dos campeões, contra o Bayern, clube em que fez toda a formação. Perdeu com um golo tardio de Arjen Robben, um golo que partiu o coração de todos os adeptos do Dortmund.
Neste sábado, onze anos depois, Hummels volta a Wembley para disputar novamente a Champions League contra outro gigante. Agora, o Real Madrid. Mas, desta vez, não é mais um central que está prestes a entrar no ápice da carreira e com uma série de incógnitas quanto ao caminho que terá pela frente, mas um veterano renomado que comanda a defesa da equipa.
Hummels foi alvo de muitas críticas na campanha do Euro 2020 da Alemanha e progressivamente perdeu espaço na equipa. Nas últimas temporadas, tem jogado muito menos, até por conta da idade. Contudo, nos jogos a eliminar desta Liga dos Campeões, tem sido um verdadeiro líder em campo e seu desempenho defensivo visivelmente inspira toda a equipa.
O central está a jogar como se tivesse pulmões renovados. O alemão é um dos melhores defesas da competição e o empenho defensivo nos dois jogos das meias-finais contra o PSG, em especial, mostraram a Edin Terzic que o treinador tem nas mãos um jogador com que pode contar para os jogos importantes.
Mas, Hummels não é só um jogador com porte físico que impõe e com grande inteligência defensiva. Isso não seria suficiente para ser um central de elite no futebol moderno. Uma coisa que separa o alemão de outros centrais é a técnica com a bola nos pés. Hummels é, talvez, o central com mais capacidade de passar a bola da última década. Um exemplo disso é a assistência contra o Atlético de Madrid nos quartos de final da Liga dos Campeões.
O lance começa após Molina afastar a bola depois de uma jogada de bola parada (por isso os jogadores do Dortmund estão tão avançados). Quando a bola está com Emre Can, a defesa colchonera ainda está muito compacta. O alemão passa para Ryerson, que atrai a pressão de Griezmann. O francês segue a bola até Hummels, que recebeu a bola do norueguês.
Hummels tinha várias opções de passe. Ele poderia passar ao lado para Schlotterbeck, o que atrairia mais a pressão e desbloquearia um pouco mais a defesa dos rojiblancos. Poderia fazer um passe menos conservador para Emre Can para tentar abrir um ângulo melhor ao lado direito do ataque e ameaçar um cruzamento, ou poderia tentar um passe longo para os extremos e forçar a defesa do Atlético a se esticar.
O diferencial nessa situação é que a visão de jogo e a técnica de Hummels dão uma opção que poucos jogadores – muito menos centrais – teriam a capacidade de encontrar. Hummels percebe que a linha de defesa do Atlético Madrid subiu em demasia e dá um passe de trivela para Brandt, por cima dos defesas. O médio ofensivo domina a bola e marca com um remate cruzado de esquerda, num ângulo difícil.
Outro aspeto muito proeminente do defesa é a versatilidade. Muitos centrais, cuja maior qualidade é a técnica com a bola nos pés, têm dificuldade de se adaptar a sistemas em que são forçados a defender com mais frequência do que passar. Hummels sente-se, certamente, mais confortável em jogos que tem a bola sob controlo, como é o caso na Bundesliga. O desempenho inquestionável na Liga dos Campeões mostra que ele também é um central de elite quando joga de forma mais tradicional.
Como é possível observar, Hummels joga muito mais avançado – e em posição central – na Bundesliga, com os passes a ser realizados, em média, depois do meio-campo. Na Liga dos Campeões, os passes são realizados, em média, pouco depois do início do segundo terço. Além disso, Hummels completa muito mais passes na competição doméstica, outra indicação clara não só da versatilidade de Hummels, mas da forma com que o Dortmund muda a abordagem na Liga dos Campeões.
Taticamente flexível, tecnicamente implacável. Matts Hummels é o rosto da atual campanha do Dortmund na Liga dos Campeões. Na segunda final em Wembley de sua carreira, Hummels terá uma oportunidade de redenção. Resta saber se o central vai conseguir parar a máquina que é o ataque merengue...