Marega aceitou o desafio de ajudar o Al Diriyah a subir ao segundo escalão saudita e não pretende parar por aí. Aos 34 anos, a receita para carregar baterias é “apagar” o ano anterior. “Conversa com o príncipe” motivou-o a deixar os Emirados Árabes Unidos e a regressar ao país onde já tinha representado o Al Hilal.
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Após duas épocas no Al Hilal e uma no Al Sharjah, Marega regressou à Arábia Saudita para ser a figura do Al Diriyah, um clube de elevada ambição e com o português Fabiano Flora ao leme. Projeta 2025/26 a pensar em nova subida de divisão.
Foi peça importantíssima na conquista do título pelo Al Diriyah. Como descreve esta época e a sensação de juntar mais um título à tua carreira?
—Descreveria esta época de uma forma muito simples: foi feliz. Feliz por termos conseguido o que propusemos fazer. Conseguimos atingir todos os objetivos. Terminámos em primeiro lugar e ganhámos a final. Mas não foi fácil. Para mim, foi como recuar às origens da minha carreira. Jogámos em campos complicados, com terreno difícil, campos sintéticos, onde era difícil passar a bola... Mas mantivemo-nos firmes e lutámos até ao fim da época para atingirmos os objetivos. Agora, há que dar seguimento a este projeto do Al Diriyah e fazer do clube um dos maiores do país. Acredito que vamos conseguir, o primeiro passo está dado. Estou muito feliz e orgulhoso.
Porquê aceitar o desafio de jogar na terceira divisão saudita?
—Aceitei o desafio depois de uma conversa com o príncipe, que é dono do Al Diriyah. Ele explicou-me o projeto ao detalhe. As peças que se estavam a mexer à volta do clube e também os planos para o futuro. Gostei muito do projeto e tive tempo para pensar no assunto. Passar para a terceira divisão é complicado para um jogador profissional que está habituado à primeira. Mas discuti o assunto com a minha família, porque sabia que poderia passar um pouco mais de tempo com eles e ver os meus filhos crescerem. Então, disse sim. Conhecemos a Arábia Saudita e, quando o príncipe entra num projeto, é sempre a sério. Sabia perfeitamente que teria as melhores condições.
Quais são os seus objetivos para a próxima temporada?
—Simples: “apagar” da memória tudo o que fizemos este ano. É assim que sigo em frente. Esqueço rapidamente o que fiz e lanço-me diretamente para o ano seguinte. E, no próximo ano, o objetivo é o mesmo: ganhar o maior número de jogos possível e levar o clube até à primeira divisão saudita. Desta vez, também vamos disputar a taça e, aí, vamos tentar chegar o mais longe possível. Quem sabe se não fazemos uma surpresa... Seja como for, darei o meu melhor, vou lutar pela equipa e, sobretudo, divertir-me em campo com os meus companheiros.
Sente-se acarinhado pelos adeptos do Al Diriyah?
—Como se trata de uma divisão inferior, não estava à espera de encontrar adeptos ao nível do FC Porto ou do Al Hilal. Mas as coisas têm corrido muito bem. São muito simpáticos comigo. Na final, jogámos com o estádio cheio, foi incrível. Até eu, que estava mais habituado a jogar em estádios cheios, senti-me bem. É um prazer ouvi-los cantar o meu nome, é algo que me dá força. Gosto de ser próximo dos adeptos e tento sempre marcar um golo ou ajudar a equipa a ganhar. É a melhor forma que tenho para retribuir as viagens que fazem e o ambiente que nos proporcionam.
Qual o segredo para continuar a marcar tantos golos aos 34 anos?
—Não há segredo. Tenho a sorte de jogar com colegas que me colocam na melhor posição possível. Recebo bons passes e isso permite-me marcar alguns golos. Depois, há um esforço coletivo. Seja eu ou outro a marcar, o mais importante é conseguir a vitória. É claro que, quando se marca um golo, há um gosto especial, mas prefiro pensar coletivamente. É por isso que consigo marcar tantos golos: por não estar apenas a pensar nisso. Sou um avançado e quero marcar, mas não penso apenas no golo. Penso em esforçar-me pela equipa, em ajudar a defender. Sei que, a partir daí, as oportunidades surgem. Quanto à idade, continuo a ser o que era antes. Ainda não sinto o meu corpo a envelhecer. Sinto-me em grande forma e, enquanto assim for, espero continuar a ter um bom desempenho.
“Dei-me muito bem com Fabiano Flora, lutámos todos por ele”
Tal como Marega, também o português Fabiano Flora foi seduzido pelo ambicioso projeto do Al Diriyah, mas para assumir o comando técnico. O balanço do trabalho conjunto, na ótica do jogador, é francamente positivo. “Desde logo, é um treinador português e isso facilitou um pouco o meu trabalho. Falei com ele antes de assinar pelo Al Diriyah. Foi uma boa conversa, que também possibilitou a minha vinda para este clube. O Fabiano já me conhecia antes, mas aquela foi a primeira vez que falei com ele. Demo-nos logo muito bem”, relata Marega. “Muitas gargalhadas e zero problemas. Aliás, todas as pessoas do clube são fantásticas. Ele tem uma relação próxima com os jogadores. Fala connosco, ri-se connosco e isso faz com que nós lutemos por ele. Conseguimos ajudá-lo a ganhar a final e levámos o Al Diriyah à segunda divisão. Tenho de agradecer-lhe, porque sei que ser treinador é muito difícil. Foi um prazer e espero continuar a trabalhar com ele”, remata Moussa, de olho em 2025/26.