Proposta milionária do Al Nassr para a renovação do vínculo até 2026 contempla cinco por cento das ações do próprio clube. O gigante de Riade pretende manter CR7 ligado ao clube após o fim da carreira de futebolista. As exigências do atacante português passam por um reforço significativo do plantel.
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A renovação de Cristiano Ronaldo com o Al Nassr, noticiada oportunamente por O JOGO, garante que o CR7 jogará pelo menos mais uma época na Arábia Saudita. A sua ligação ao clube, todavia, poderá ir muito além do contrato de futebolista: de acordo com o jornal “Marca”, o avançado passa a deter cinco por cento das ações do clube do qual é capitão desde janeiro de 2022.
O intuito do Al Nassr é o de premiar o compromisso e o empenho demonstrados pelo internacional português desde que chegou ao clube, tornando-o assim sócio minoritário - na prática, um dos proprietários. Desta forma, certificam-se também que Cristiano Ronaldo continuará ligado ao emblema após o fim da carreira, alicerçando-se no facto de ainda recentemente ter revelado o desejo de um dia se tornar “dono de um grande clube”.
A proposta do Al Nassr, que atravessa uma mudança estrutural, marcada pela chegada de um novo presidente e CEO nos últimos meses, é uma das maiores de sempre da história do futebol. Ronaldo (que celebra o 40.º aniversário a 5 de fevereiro) irá auferir 183 milhões de euros por ano de salário base, o que se traduz em 15,25 milhões mensais, 3,8 M€ semanais ou cerca de meio milhão de euros... por dia.
O aspeto financeiro, porém, não será o único a determinar a decisão de Cristiano em permanecer no Al Nassr por mais um ano. O CR7 terá exigido garantias de que a Direção irá investir no reforço do plantel, de modo a dotá-lo de um poderio que possa tornar a luta por títulos mais efetiva - desde que ele chegou, festejou apenas uma Liga dos Campeões Árabes, tendo já esta época visto fugir novamente a possibilidade de vencer a Supertaça e a Taça e ocupando neste momento o terceiro lugar no campeonato, a nove pontos de Al Hilal e Al Ittihad.
Marca CR7 pode influenciar a cotação bolsista
A oferta do Al Nassr “é mais interessante para a projeção do clube”, segundo Paulo Reis Mourão
A oferta de ações a colaboradores sénior ou de competência reconhecida não é um fenómeno raro nas grandes empresas, inclusivamente em Portugal. “É uma forma de agregar o desempenho à competência”, explica, a O JOGO, Paulo Reis Mourão, Diretor do Departamento de Economia da Universidade do Minho.
Neste caso, porém, o gesto do Al Nassr em dar ações a Ronaldo poderá ter um interesse próprio associado. “É uma tentativa de vincular a marca CR7 ao clube e ao campeonato saudita. Esta oferta é nitidamente mais interessante para a projeção do clube saudita, que inclusive pode ter efeitos de valorização de cotação bolsista, do que propriamente para a conta pessoal já de si milionária de CR7”, elucida o economista.
O património de Ronaldo, na prática, não deverá sofrer grandes alterações neste sentido. “Esses valores são sempre contingentes e por vezes o valor patrimonial não coincide com o valor representado em ações. De qualquer modo, mais do que o valor patrimonial, para as finanças pessoais de Cristiano Ronaldo importa acima de tudo a evolução da cotação das ações no futuro”, acrescenta Mourão.