"Mandaram-me de volta para a seleção sub-21 por não me esforçar e eu tinha uma hérnia..."
Antigo craque francês Thierry Henry fez algumas revelações em entrevista concedida ao "L'Équipe", na qual abordou a importância da saúde mental e deu os exemplos de Neymar e Messi.
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Em entrevista concedida ao "L'Équipe", o antigo internacional francês Thierry Henry falou sobre a importância da saúde mental, dando vários exemplos de craques ainda em atividade.
"Neymar falou muitas vezes nas suas últimas entrevista sobre o seu bem-estar, a pressão... Ele fala, mas será que o podemos ouvir? Ele pede ajuda, há coisas na sua cabeça, como qualquer ser humano", começou por dizer ao diário desportivo francês, antes de colocar a possibilidade de o bem-estar mental poder ser a chave no "caso Messi".
"Quando falamos de Messi ou Neymar, jogadores excecionais, esquecemo-nos muito desta dimensão [saúde mental]. Quando Lionel chorou ao sair do Barcelona, não estava programado. Quando pensas que nunca vais sair de um sítio e de repente isso acontece, cria um choque emocional. As pessoas disseram: "Sim, mas está bem, em Paris tem tudo o que necessita. Mas não é assim tão óbvio. Quando troquei o Arsenal pelo Barcelona [em 2007], demorei um ano a ficar bem... Cheguei lesionado, a passar por um divórcio, tinha de aprender um novo sistema... Mistura-se tudo, afeta a mente", afirmou.
"Não sei como reagiriam as pessoas se um futebolista falasse no final de um jogo como fizeram [a ginasta] Simone Biles e [a tenista] Naomi Osaka, explicando que não estava bem mentalmente. Na minha época era muito mais difícil, totalmente tabu. Mesmo dentro do grupo. Chegavas ao balneário: "Estás bem? Sim", mesmo que as coisas não estivessem bem. "Dormiste bem? Sim", mesmo que não. "Tens dor? Não", mesmo que tivesses. Hoje em dia um jogador pode abrir-se mais. Mas se admitires que não estás mentalmente bem, isso pode exigir muito de ti no jogo seguinte", continuou o antigo avançado, antes de dar o seu próprio exemplo.
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"Um Mundial "queima-te" emocionalmente, ganhes ou não. Precisa-se de um tempo emocional para seguir em frente. Aconteceu-me a mim. Em 1996 joguei o Europeu sub-18, em 1997 o Mundial sub-20 e em 1998 o Mundial. Entre os meus 17 e 20 anos. Resultado: uma hérnia fiscal. Vou recordar para sempre. Mandaram-me de volta para a seleção sub-21 porque, supostamente, não me estava a esforçar. Era impossível chorar. Não podias mostrar as tuas fraquezas. Estou a falar com Domenech em Clairefontaine, dou meia volta e de repente não consigo mexer-me. As reações nesse momento foram: "Ele não quer jogar mais". Não, eu tinha uma hérnia. Queres que eu enumero o número de jogos sem descanso durante três anos? Lembramo-nos neste momento que Sergio Ramos joga todas as partidas há 17 anos? É normal que a dada altura o seu corpo o alerte", concluiu.
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