A formação, que milita no sexto escalão do futebol inglês, está presente nos oitavos de final da Taça de Inglaterra e, se eliminar o secundário Coventry, irá igualar o feito do Lincoln City, tornando-se na segunda equipa não profissional a chegar tão longe na prova
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A Taça de Inglaterra costuma ser um palco ideal para formações menos conhecidas do país se agigantarem contra os “gigantes” das principais divisões e a presente edição da prova não foi diferente, sendo que a grande surpresa desta época tem sido... o Maidstone.
O conjunto, atual quarto classificado da sexta divisão, chegou aos oitavos de final da Taça depois de eliminar o Ipswich (2-1), do segundo escalão - estão separados por 98 posições na pirâmide do futebol inglês - já depois de ter deixado para trás o terciário Stevenage (1-0).
“Tiro o chapéu à nossa comunidade. Fazemos isto por Maidstone e é a magia da Taça, que está muito viva. Tínhamos de acreditar e o facto de a nossa equipa ter sido aplaudida em Ipswich, contra um clube que está a voar no Championship, é incrível. Houve algumas lágrimas, fizemos história. É um momento inspirador e há sempre esperança”, declarou o treinador da equipa, George Elokobi, após o jogo.
O triunfo tornou o Maidstone apenas na 11.ª equipa não profissional desde 1925 – abaixo das quatro primeiras Ligas do futebol inglês - a conseguir chegar aos “oitavos” da Taça, sendo que o seu próximo adversário, o Coventry, também compete no segundo escalão.
Caso vença essa eliminatória, a formação irá igualar um recorde conseguido apenas uma vez por uma equipa não profissional, o Lincoln City, que alinhava na quinta divisão em 2016/17 e conseguiu chegar aos quartos de final da prova.
Ainda assim, a história já está feita, já que há 46 anos, desde a temporada 1977/78, que uma equipa abaixo do quinto escalão não avançava tão longe na Taça inglesa, o que aconteceu na altura com o Blyth Spartas, da sétima divisão.
A história do Maidstone ganha contornos ainda mais especiais quando se repara no “renascer das cinzas” do emblema, que chegou a militar na quarta divisão entre 1989 e 1992, até que os problemas económicos o levaram à bancarrota.
A solução passou por uma refundação do clube, que recuperou o seu nome original em 1995 e inaugurou um novo estádio, com capacidade para 4200 espetadores, em 2012.
Desde aí, logrou nove subidas de divisão, tendo chegado inclusive à National League, quinta e última divisão semiprofissional em Inglaterra, em 2016, acabando por “cair” para o seu atual campeonato três anos depois.
“O Maidstone é um clube muito familiar, onde te irão apoiar se deres tudo. O nosso sucesso deve-se à união, ao trabalho duro e a não termos medo dos adversários. É muito bom fazermos tanta gente feliz, dando momentos únicos aos nossos adeptos e às nossas famílias. Passei cinco anos aqui e foi a altura em que mais desfrutei do futebol. Há vida para além da Premier League e medirmo-nos contra um grande teria sido bom, mas vamos jogar contra um grande clube, num grande estádio e vamos passar na televisão, competindo para entrar nos 'quartos'. É com isso que sonhamos”, frisou Joan Luque, espanhol que passou pelo emblema em duas passagens distintas (2020-21 e 2021-23), em declarações ao jornal Marca.
O Maidstone visita o Coventry no dia 26 de fevereiro, nos oitavos de final da Taça de Inglaterra.