Luís Castro e a brilhante caminhada na Taça de França: "Depois de 47 anos..."
Técnico português apurou o Dunkerque, da Ligue 2, para os quartos de final da Taça de França, após vencer o dérbi com o Lille que foi decidido de forma dramática nos penáltis
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Natural de Moreira de Cónegos, Luís Castro, 44 anos, viveu esta semana uma enorme alegria na Taça de França. Depois de quatro anos no Benfica, onde em 2022/23 orientou os bês, está desde setembro de 2023 ao serviço do Dunkerque, da Ligue 2, que terça-feira foi a Lille vencer o dérbi frente a um rival que tem brilhado na Champions.
O antigo treinador do Benfica viveu na passada terça-feira uma noite de glória, alcançando um feito que o emblema que representa não conseguia há 47 anos. Passo seguinte é ultrapassar o Brest.
Como foi vivida esta qualificação histórica para os quartos de final da Taça de França?
-Foi muito importante para nós, enquanto equipa, e para o clube que, depois de 47 anos, tinha voltado a chegar aos oitavos de final da Taça e agora garantiu a presença nos quartos de final com este triunfo em Lille. Foi uma grande vitória, frente a uma das oito melhores equipas da Liga dos Campeões. Apurou-se diretamente para os oitavos de final, convém recordar. Este foi um triunfo especial, toda a gente ficou supercontente. Foi uma partida muito intensa e contra uma equipa muito forte e ainda por cima tratava-se de um dérbi do norte de França.
“Depois de 47 anos, o Dunkerque tinha voltado a chegar aos oitavos de final da Taça de França e agora garantiu a presença nos quartos de final. Foi uma grande vitória”
Como foram vividos aqueles minutos finais do jogo, em que o Dunkerque esteve praticamente eliminado, a perder 1-0, e conseguiu empatar no último lance levando a partida para o desempate por grandes penalidades?
-Nós não alterámos muito o nosso sistema de jogo. Não entrámos no chuveirinho, mas fizemos mudanças, corremos alguns riscos metendo mais jogadores na frente do ataque. Procurámos sempre trabalhar com a bola para chegar ao empate. No último lance conseguimos atrair o adversário para a esquerda e o Diop colocou a bola na área, onde o Tejan conseguiu fazer o golo.
Depois do jogo ir para os penáltis, como preparou os seus jogadores para esse momento?
-Nos penáltis sabemos que tudo pode acontecer e a vitória cair para qualquer lado, mas é também uma questão de competência de quem vai marcar. São duelos individuais entre o batedor e os guarda-redes e nós tínhamos consciência que temos um guardião, Jaouen, com qualidade nestes lances e que, portanto, tínhamos as nossas possibilidades.
Depois de ter visto os seus jogadores falharem as duas primeiras tentativas e o Lille chegar momentaneamente ao 3-0, chegou a pensar que estava tudo perdido?
-Nunca deixei por um momento de acreditar, nunca perdi a esperança. Mas depois do Lille fazer o 3-0 sabíamos que era obrigatório fazermos o 3-1 e depois esperar que o Lille falhasse, como viria a suceder. Acreditava que se eles falhassem o seu quarto penálti, até pelo facto de termos conseguido levar o jogo até aos penáltis no último lance do jogo, isso poderia entrar na cabeça dos jogadores do Lille e que poderiam tremer. Assim foi. Nós não voltámos a falhar e eles desperdiçaram ainda o quinto e o sétimo penáltis. Foi uma grande vitória e uma grande alegria. No futebol acontecem coisas que às vezes parecem impossíveis e são também estas histórias que nos fazem gostar tanto deste desporto.
Que ambições pode ainda ter o Dunkerque na Taça?
-A nossa prioridade e foco é o campeonato, que é muito competitivo. Mas quando chegar o jogo da Taça iremos procurar, como sempre, dar o nosso melhor e lutar para vencer. Tudo é possível e lutaremos pelas meias-finais.
O sorteio realizado esta quinta-feira determinou que irá defrontar o Brest, fora de casa, equipa que também fez uma excelente campanha na fase regular da Liga dos Campeões. O que se pode esperar do Dunkerque nesta eliminatória?
-Vai ser mais um jogo que permitirá aos nossos jogadores crescerem com mais um adversário de Liga dos Campeões. Sabemos que será um rival difícil, de alto nível, mas só teremos hipóteses de passar se formos nós mesmos e jogarmos dentro das nossas ideias.