"Lembro-me de ir para o estádio no autocarro e ainda ninguém sabia quem ia jogar"

Domingos Paciência
André Rolo/Global Imagens
Domingos confia na vitória de Portugal na Irlanda e e recorda apuramento para Euro'96
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O diretor técnico da seleção portuguesa, Domingos Paciência, mostrou-se confiante num bom resultado frente à Irlanda, na quinta-feira, em Dublin, que poderá garantir o apuramento direto de Portugal para o Mundial'2026.
Em declarações à agência Lusa, o antigo avançado internacional português considerou que a equipa de Roberto Martínez está "num bom momento" e preparada para confirmar o objetivo. "A equipa está bem, mostra que tem capacidade para fazer neste jogo aquilo que todos queremos. Há um bom espírito de jogo e uma grande vontade de vencer", afirmou Domingos Paciência.
O ex-jogador recordou ainda o jogo que decidiu a qualificação para o Euro'96, disputado em 1995, no Estádio da Luz, em que Portugal venceu a Irlanda por 3-0, com golos de Rui Costa, Hélder Cristóvão e Cadete, encontro no qual também participou. "Tenho boas memórias desse jogo. Lembro-me de ir do Estoril para o estádio no autocarro e ainda ninguém sabia quem ia jogar. Eu estava convencido de que seria o Paulo Alves, mas o António Oliveira, com aquele feitio que lhe era característico, mudou a equipa à última hora e acabei por jogar eu", recordou, entre risos.
O antigo ponta de lança lembrou-se ainda de ter sido "um jogo intenso, com relvado molhado e chuva" e que se recordava bem do golo de Rui Costa, "um golaço". "O ambiente foi fantástico e conseguimos o objetivo. Fui o melhor marcador da fase, com nove golos, e, por isso, aquela substituição nem custou. O importante era garantir o apuramento", acrescentou.
Domingos Paciência destacou também a importância simbólica dessa qualificação, a primeira da geração de ouro para uma fase final de um Europeu. "Teve um sabor especial, porque foi o cruzamento de duas gerações - a minha e a dos campeões do mundo de juniores -, com jogadores como o Oceano, o João Pinto ou o Vítor Paneira. Foi uma transição natural", sublinhou.
Questionado sobre o papel de António Oliveira, o ex-avançado descreveu-o como um treinador com uma forte capacidade de motivação. "Ele tinha o dom de entrar nas nossas cabeças. Durante a semana era mais reservado, mas no dia do jogo sabia motivar, exigia muito e sabia como mexer com o grupo", afirmou.
Por fim, o dirigente reconheceu a diferença de qualidade entre o futebol português atual e o da década de 1990. "A seleção portuguesa é hoje uma equipa muito diferente. Agora temos jogadores nos melhores clubes da Europa e do mundo. Na altura, muitos ainda estavam a começar as suas carreiras", concluiu.
Portugal defronta a Irlanda na quinta-feira (19h45) e uma vitória em Dublin garante logo o primeiro lugar do Grupo F e o apuramento direto para o próximo Campeonato do Mundo. O empate poderá ser suficiente, mas só caso a Hungria não vença na Arménia, no mesmo dia.
Depois do encontro em Dublin, Portugal fecha o Grupo F no domingo frente à Arménia, no Estádio do Dragão, no Porto.
Portugal lidera o Grupo F, com 10 pontos, mais cinco do que a Hungria, segunda classificada, seguida da República da Irlanda, com quatro, e da Arménia, com três. O vencedor do grupo assegura um lugar na fase final do torneio, que se vai disputar no próximo ano nos Estados Unidos, no Canadá e no México e que, pela primeira vez, vai ter 48 seleções. Já o segundo colocado terá de disputar os play-offs.

