La Liga arranca esta sexta-feira e é portuguesa a arma do Atlético para desafiar Messi
O Barcelona vai hoje a Bilbau iniciar a luta pelo "tri", proeza que só alcançou em duas ocasiões e sempre com Guardiola nas fileiras, como jogador e como técnico. Para o arranque, não tem Messi.
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Há dez anos, Cristiano Ronaldo aterrou em Madrid para bater recordes individuais nas nove temporadas de Real Madrid e tornar-se até no maior artilheiro do clube.
O capitão da Seleção rumou à Juventus a troco de mais 100 M€ e deixou o campeonato espanhol órfão da rivalidade com Lionel Messi, do Barcelona. Portugal perdeu o maior farol mediático desportivo em Espanha, mas João Félix, um ano depois, chega à capital para voltar a iluminar os holofotes.
Jovem português está a enlouquecer o público e é a arma colchonera para desafiar um Barcelona favorito. O Real investiu, mas não se reinventou
Ao Benfica chegaram 126 M€ e a entrada no pódio dos mais caros de sempre; em Espanha a certeza de que voltará a existir um português a marcar e a assistir muitas vezes naquela que é a segunda melhor liga do mundo, conquistada por dois anos consecutivos pelo Barcelona. O atleta de 19 anos marcou quatro golos em cinco jogos na pré-época, apagou com um bis a Juventus de Ronaldo e ajudou a destroçar o Real num 7-3 embaraçoso. Félix é a coqueluche de um firme 4x4x2 do Atlético e, sem vergonha, pegou no 7 de Griezmann, francês que virou mal-amado depois de forçar a saída para o Barcelona, e revitalizou a esperança de Diego Simeone, isto porque o Atleti não festeja há cinco anos um título em Espanha. Vai jogar muito, seja no corredor ou a emparelhar com Diego Costa ou Morata.
Com Cholo, o Atleti cresceu muito, porém, à exceção do ano do título, só em 2016 foi capaz de ombrear com os maiores rivais. De Portugal também levou Herrera e Felipe, ambos do FC Porto. O desafio é construir uma nova defesa, sem Godín, o maior esteio. Trippier e Lodi chegam para substituir Juanfran e Felipe Luís nas laterais. Giménez passa a ser o patrão do eixo.
Apenas 9,5 km distam o Wanda Metropolitano do Santiago Bernabéu, que teve em 2018/19 a pior temporada do século com 18 derrotas. Lopetegui, Solari e depois Zinedine Zidane não resgataram os merengues da inércia. Só Benzema se destacou e ganha, este ano, um galáctico ao lado: Eden Hazard, vindo do Chelsea por 100 M€. Jovic, ex-Benfica e Eintracht, concorre com o francês. Ainda está por resolver a permanência de Gareth Bale e não chegam os médios desejados. Só a defesa, com a ida de Militão do FC Porto, por 50 M€, e Ferland Mendy, por 48 M€, do Lyon, está composta. O desafio de Zidane é reconstruir uma equipa que foi tricampeã europeia. O problema é que nem o esquema tático parece decidido, preocupante sabendo que até à décima jornada os blancos vão a Sevilha, ao Wanda e a Camp Nou. Com o poder individual que tem, o Real tem de ganhar mais do que duas ligas numa década.
"Tri" precisa de Pep
O Barcelona leva dez campeonatos neste século, todos com Messi, ele que hoje falha o arranque em Bilbau. É o conjunto mais estável e, naturalmente, favorito. O Barça começa a corrida pelo tricampeonato, proeza que só alcançou quando Guardiola esteve na Catalunha: o médio ajudou ao único tetra catalão de 1991 a 1994 e depois comandou, como treinador, de 2009 a 2011 uma das melhores equipas da história. Ernesto Valverde não é adorado, mas cumpriu na com dois títulos tranquilamente arrecadados. Curioso para quem à 13.ª jornada de 2018/19 só tinha sete vitórias. Valverde descobriu o 4x4x2, que alternou com o 4x3x3, e o médio Arthur, que equilibrou o génio de Suárez, Dembélé, Coutinho e o melhor artilheiro da Europa, Messi. E Nélson Semedo pode ser o primeiro português a ganhar três campeonatos espanhóis consecutivos.
Os contornos do negócio de Griezmann ainda permanecem por resolver, porém o francês é mais um trunfo ofensivo. Com o prodígio Frenkie de Jong no miolo e uma defesa que já havia sido retocada nas épocas anteriores, o Barça tem um dos plantéis mais completos da década. A dúvida passa a ser onde encaixar tanto talento sem comprometer a organização tática e a gestão de balneário, esta última uma arma que tem vingado sobre os galácticos.
Guedes e Rony têm luz natural
Nélson Semedo e João Félix vão disputar o título e Valverde até diz que o lateral "está preparado para ser titular", mas o contingente português não só aumentou (12 para 13) como ganhou destaque. Atrás dos três principais candidatos surge o lote habitual de clubes que podem complicar muito a vida dos grandes e com lusos na linha da frente. Rony Lopes foi contratado por Julen Lopetegui por 20 M€ e tem a capacidade para ser das figuras maiores no Sevilha. Nesse Sevilha, Daniel Carriço continua a ser um dos capitães naquela que será a sétima época seguida na Andaluzia.
André Silva está associado aos che depois do grande início de temporada na Andaluzia na última época. William comanda o Bétis, Vezo e Paulo Oliveira são esteios de Levante e Eibar e há um guardião sensação
Em Valência continua o treinador Marcelino e o quarto posto na última competição deixa antever que os che estarão mais fortes ainda. Gonçalo Guedes é uma das cartas para jogar no corredor e o técnico espanhol pensa em André Silva - carta excluída do Milan e com 11 golos de amostra no Sevilha em 2018/19 - para colmatar a possível saída de Rodrigo. "Havia um princípio de acordo com o Atlético de Madrid, mas a oferta deixou de estar em cima da mesa", declarou ontem Mateu Alemany, diretor do Valência.
No Bétis, William Carvalho fez uma grande época, ajudou à proeza de ganhar no Santiago Bernabéu e em Camp Nou e mantém a batuta. Rúben Vezo e Paulo Oliveira são centrais titulares no Levante e Eibar; Kévin Rodrigues e Antunes, laterais na Real Sociedad e Getafe e Rui Silva, melhor guardião da II liga espanhola, está no Granada.
Mercado pode superar o inglês
Em 2016, os clubes espanhóis gastaram 529 M€, um terço da Premier League. Neste defeso, já vão em 1,27 mil milhões, ainda com o mercado por fechar e com vários negócios milionários em equação. La Liga passou a ser a segunda que mais gasta, mas Inglaterra, com 1,55 mil milhões investidos, pode ser destronada no topo. De recordar que o Real Madrid lidera a tabela dos mais gastadores em Espanha, à frente de Barcelona, Atlético de Madrid e Sevilha, mas caso os culé sejam obrigados a pagar 200 M€ por Griezmann a liderança pode mudar. O fosso aumentou para a parte de baixo da tabela e o At. Bilbau foi o único a não gastar um cêntimo. Só há cinco clubes com lucros e os colchoneros, com 67,60 M€, lideram essa tabela.