Kroos recorda chegada ao Real Madrid: "Em dez anos, nunca pensei em sair"
Antigo médio alemão retirou-se do futebol após o Euro'2024, aos 34 anos
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Três meses depois de se ter retirado dos relvados ao serviço da anfitriã Alemanha no Euro’2024, Toni Kroos concedeu esta terça-feira uma entrevista ao jornal Marca, na qual falou um pouco sobre como tem sido a sua vida desde final de carreira, aos 34 anos.
Tendo sido visto a posar como modelo, treinar jovens na sua academia de futebol, organizar torneios e a trabalhar na sua fundação solidária, o antigo médio continua bastante ocupado em Madrid, depois de uma década inteira de serviço ao Real, entre 2014 e 2024.
“A minha vida é diferente, mas creio que trabalho mais do que antes (risos). É um trabalho diferente, mais de pensar, de pôr em marcha projetos e cuidar deles. Quero que as coisas corram bem e para isso há que trabalha. Na escola de futebol, por exemplo, tenho muitos miúdos que quero melhorar e para isso há que fazer um plano de treinos com eles e outro das equipas. Antes ia treinar, jogava e pronto. Agora é preciso pensar”, explicou.
Voltando atrás, até ao momento em que decidiu pendurar as chuteiras, Kroos contou que a notícia não foi uma surpresa para a sua mulher, já que o tema vinha sendo discutido com ela há vários meses, mas assumiu que lhe custou informar o treinador Carlo Ancelotti, tendo decidido fazê-lo no intervalo entre a conquista da LaLiga passada e a final da Liga dos Campeões, que também venceu.
“A verdade é que à minha mulher não foi difícil, porque foi uma decisão conjunta. Em casa não foi uma surpresa, porque estivemos a falar disto. A minha mulher estava feliz por me ter mais em casa. O meu filho mais velho, sim, foi mais difícil dizê-lo, porque eu sabia o quanto ele desfrutava de me ver na televisão e no estádio. Ele viveu muitas coisas, esteve em quatro finais da Liga dos Campeões em criança e nunca o irá esquecer! Ao meu filho custou, sim...”, revelou, prosseguindo: “Custou-me muito dizê-lo a Carlo, porque ele esperava que eu continuasse e porque tínhamos e temos uma relação muito boa. Ele foi o meu primeiro treinador aqui [no Real Madrid] e não foi fácil dizer-lhe, mas tudo na vida tem um final”.
“Não era fácil sabia que ele não se iria chatear, mas que ficaria um pouco triste. Também não foi um momento fácil para mim, porque estava a acabar algo que foi muito especial. Tentei escolher um momento bom, um momento fácil... E tive a sorte de que ganhámos a LaLiga com margem e disse: ‘Agora!’. Porque era o tempo perfeito entre a LaLiga e a final da Liga dos Campeões, teria sido mais difícil se ainda estivéssemos a jogar pela LaLiga, porque eu não queria que este tema estivesse em cima de tudo”, admitiu ainda.
De resto, Kroos recordou o dia, em 2014 e depois de se sagrar campeão mundial no Brasil, em que concordou trocar o Bayern pelo Real Madrid.
“Lembro-me que Carlo [Ancelotti] ligou-me quando eu estava no Mundial com a Alemanha e disse-me: ‘Quero-te aqui em Madrid’. Eu disse-lhe: ‘Eu também, mas acabas de ganhar a Champions. Tens a certeza?’. E ele disse que me queria aqui, que ia melhorar a equipa... e isso deu-me uma grande confiança antes de chegar. E comecei de forma diferente, com um título no meu primeiro jogo [Supertaça Europeia]. Não houve um momento em dez anos em que pensasse sair. E isto nunca se pode planear, porque podes querer estar aqui toda a vida e nalgum momento não te quererem ou não renovarem contigo, mas isso também nunca aconteceu. O melhor é que a relação nunca mudou e nem nos momentos maus o clube duvidou de mim”, enalteceu, em jeito de conclusão.