José Mourinho está de parabéns: o resumo de seis décadas de um treinador especial
José Mourinho chega aos 60 anos como o treinador português com mais troféus conquistados de sempre. Uma ascensão banhada a ouro e sem fim à vista. O Mundial de Clubes e a Supertaça Europeia são os títulos que faltam a uma carreira com mais de mil jogos e repleta de recordes. Comunicação e métodos de trabalho marcaram uma era no futebol mundial.
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Se no século passado era difícil encontrar um treinador tão icónico para o futebol nacional como José Maria Pedroto, nenhum foi tão marcante para os portugueses desde o ano 2000 como José Mourinho. O homem que em 2004 se definiu como "especial", dando uma relevância extra ao adjetivo, festeja esta quinta-feira o 60.º aniversário como o técnico lusitano mais titulado de sempre.
São 26 títulos numa caminhada com mais de 22 anos e 1076 jogos que começou no Benfica, ganhou visibilidade no Leiria e dimensão internacional no FC Porto, que o catapultou para os principais campeonatos do Velho Continente, onde se fixou nos últimos 18 anos. Poucos são os troféus que lhe continuam a escapar. Da Liga dos Campeões tem duas. Ganhou a Taça UEFA e até a nova versão da prova, a Liga Europa. E no verão tornou-se o primeiro da história a erguer também o da recém-criada Conference League. Faltam-lhe apenas o Mundial de Clubes e a Supertaça Europeia, mas por razões distintas. O primeiro nunca disputou, optando antes por iniciar projetos noutros emblemas. A segunda é uma espécie de espinha cravada na garganta do "Special One", uma vez que é a única final continental em que conheceu o amargo sabor da derrota. E por duas vezes. Em 2003 com o FC Porto, sendo derrotado pelo Milan, e em 2017 pelo Manchester United, caindo aos pés do Real Madrid.
A atenção ao pormenor e os métodos de treino inovadores para a época foram seguidos por toda uma geração de treinadores. Muitos receberem o epíteto de "novo Mourinho", mas nenhum conseguiu emular o estilo comunicacional do original, moldado consoante o clube e o país onde treinava. No FC Porto chegou a prometer a conquista do campeonato com muita antecedência e assim que chegou a Inglaterra envolveu-se sem medo nos "mind games" que Alex Ferguson jogava, desafiando todos os que entretanto também decidiram fazer carreira na Premier League.
O sucesso na primeira passagem pelo Chelsea, interrompendo um jejum de 50 anos dos londrinos sem vencer a Premier League, bem como o "triplete" conquistado no Inter, elevaram-no à categoria de herói para os adeptos dos dois clubes, mas a verdade é que deixou as impressões digitais em muitos outros.
Ainda hoje é o treinador mais novo de sempre a chegar às 100 vitórias na Liga dos Campeões, em 2022 superou os 106 triunfos que faziam de Ferguson o técnico mais bem sucedido nas provas europeias, esteve nove anos (entre 2002 e 2011) sem perder em casa e foi o primeiro a atingir a fasquia dos cem pontos na La Liga com o Real Madrid.
Ingressar numa seleção é o objetivo que resta. Portugal ainda o tentou, mas o contrato com a Roma adiou esse passo para uma fase mais adiante na carreira.
SEIS MOMENTOS MARCANTES
Estreia no Bessa mas com o pé esquerdo
A 20 de setembro de 2000, o Bessa foi palco do primeiro jogo de Mourinho como treinador principal, pelo Benfica. Ironicamente, estreou-se com uma derrota (1-0, por Duda) frente ao futuro campeão nacional, o Boavistão de Jaime Pacheco. Dez jogos depois, Mourinho deixaria as águias.
Liga dos Campeões culmina dois anos de sonho
A 26 de maio de 2004, o FC Porto conquistava pela segunda vez o título europeu, com Mourinho ao comando de uma equipa que viveu duas épocas quase perfeitas: dois campeonatos nacionais, uma Taça e uma Supertaça de Portugal, a Taça UEFA e a referida Champions. Depois, rumou a Londres.
"Special One" levou a revolução à Premier League
O rótulo de "Special One" colou-se-lhe na apresentação pelo Chelsea e os anos seguintes justificaram a alcunha: os blues foram campeões, 50 anos depois, e repetiram na época seguinte. Juntou-lhe Taça, Supertaça e duas Taças da Liga; na segunda passagem, mais uma liga e outra Taça da Liga.
Segunda Champions e tripleta histórica
Duas temporadas no Inter de Milão traduziram-se em mais cinco troféus para o agora "Lo Speciale", que fez a única tripleta da história dos nerazzurri. Ao cabo de 45 anos voltaram a ser campeões europeus, em 2010, ano de título e Taça de Itália. Um ano antes, ganhara a Série A e a Supertaça.
Liga dos cem pontos e sempre no olho do furacão
Três épocas e três troféus no Real Madrid dizem pouco do "furacão Mourinho": foram anos tumultuosos, de guerras verbais e campais com o Barcelona de Guardiola. O português interrompeu o domínio do Barça com a célebre liga dos cem pontos. Juntou-lhe a Taça do Rei e a Supertaça.
De Roma para a eternidade
Crucificado pela passagem no Manchester United (2016-19), onde ganhou a sua segunda Liga Europa, uma Supertaça e uma Taça da Liga inglesa, Roma parecia um passo atrás. Mas Mourinho venceu a primeira Conference League e passou a ser o único técnico a deter as três competições da UEFA.