Central português ultrapassou a fasquia dos 800 jogos oficiais na carreira. Continua ao mais alto nível em França e promete não ficar por aqui
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José Fonte, um dos ilustres campeões europeus de Portugal, titular com Pepe no eixo defensivo em França 2016, é outro exemplo de longevidade como o central do FC Porto, com quem formou parelha tantas vezes na Seleção Nacional. O defesa do Lille, já com 39 anos, completou recentemente os 800 jogos como jogador profissional, olhando aos 752 encontros em clubes, dispersos por longa lista de emblemas, das angústias em Felgueiras a retumbante estado de graça no futebol inglês, não perdendo de vista 50 honrosas internacionalizações.
Tendo saído de Portugal para conquistar espaço e visibilidade, longe de oportunidades cimeiras no Sporting e Benfica, José Fonte tem uma carreira fantástica, até pelas provações a que se submeteu, desafiando-se no segundo escalão inglês e aceitando o peso de um histórico como o Southampton para notável viagem, uma vivência acelerada de alpinista, escalando dois degraus pela sua missão maior: a Premier League. Assim se escreveu a vocação, a visão do Evereste, vencendo sempre os obstáculos e erguendo-se em cada clube onde jogasse um autêntico rochedo sempre com requintes de patrão da retaguarda. Um comandante seguro, estabelecendo a ordem pela experiência, posicionamento e postura profissional, nunca baqueando no perfil sereno e voz influente no campo.
O respeito por Fonte é gigante em Inglaterra e França, com 178 jogos feitos na Premier League, 164 jogos na Ligue 1, ostentando pergaminhos de campeão gaulês pelo Lille, esmagando os recursos do Paris-SG, números, no seu todo, com peso inquestionável e que tudo dizem da bagagem do atleta, que em Portugal só esteve em 51 jogos no escalão maior, ao serviço de Vitória Setúbal, Estrela da Amadora e Paços de Ferreira. O central marcou o seu legado e a sua história em clubes como Crystal Palace, Southampton e West Ham, destacando-se, sobretudo, em grandes anos do Saints, que chegaram a ter como chefe de orquestra Sadio Mané. Um amor maior, explicado por duas subidas, que agora tem a concorrência de cinco anos de Lille pintados por um título em França.
Com perfil discreto, investindo tudo no profissionalismo e no controlo dos recursos que apreendeu ao longo do trajeto, nada dado a invenções, Fonte fez-se um jogador perfeito para qualquer treinador, passando ao lado de grandes lesões e alcançando média alta de jogos/época. O saldo só pode ser positivo e é isso que diz nesta entrevista a O JOGO.
Aos 39 anos, completar 800 jogos a jogar numa Liga francesa com o nível competitivo que se conhece, a defrontar muitos daqueles que são considerados os melhores do mundo na atualidade, o que representa?
Representa profissionalismo, amor pelo jogo e pelo futebol. É acordar de manhã com vontade de melhorar, ir para o treino, tentar ajudar, passar experiência e conhecimento. É, no fundo, crescer todos os dias e animar os companheiros. Só posso estar orgulhoso de acompanhar tanta miudagem e jogar ainda a este nível elevado.
Quando recorda o rapaz da formação de Sporting, que se iniciou como sénior no Felgueiras e o começou a fazer história em Inglaterra no Crystal Palace, era esta a viagem que imaginava ou superou as expectativas?
Ninguém consegue fazer futurologia, todos têm objetivos e sonhos mas não sabemos como se vai desenrolar a nossa vida. Uma coisa é certa, aquilo que imaginas, que verdadeiramente acreditas, pela qual lutas e tanto trabalhas, esse sonho que está na cabeça transforma-se muitas vezes em realidade. Gostava de ver a Premier League, imaginava-me lá, admirava os jogadores. Eu acredito muito que idealizando algo, juntando trabalho diário, as coisas acontecem. Estou orgulhoso da minha carreira.
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