José Boto anuncia medida no Flamengo: "Só entra aqui quem tem a ver com futebol"
José Boto, novo diretor do futebol do Flamengo, foi apresentado à comunicação social esta segunda-feira
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Filipe Luís a comandar a equipa: "A escolha foi da minha responsabilidade. Eu poderia ter escolhido outro treinador. Sou pioneiro, eu e uma equipa que trabalhava comigo no Shakhtar, de uma coisa chamada "scouting" de treinadores. Tínhamos uma linha definida de como queríamos jogar, o dono do clube exigia. Contratávamos treinadores que respeitavam esse ADN. E criámos um scouting de treinadores, uma lista com esse ADN. O Filipe foi uma escolha minha e, se falhar, a culpa é minha. Isso é profissionalização. É fácil mudar o treinador 11 vezes e ninguém ter culpa disso. Se o Filipe falhar, o culpado serei eu. Toda a gente do clube vai ter que trabalhar como nós queremos. Quem não trabalhar como queremos, sai. Depois, se as coisas correrem mal, o responsável sou eu. Tive carta branca para que, se achasse que deveria mudar o treinador, mudava. Analisei, vi muita coisa que gostei (de Filipe Luís), vi muita entrevista. Depois, o contacto diário tem confirmado tudo. É algo de que posso me orgulhar. Nos jogadores nós falhamos, não há ninguém que acerte sempre. Nos treinadores normalmente não erro. O Filipe vai ser um treinador top mundial. Lancei treinadores como Luís Castro, como De Zerbi, e o Filipe está na linha deles."
Reforço do plantel: "Identificámos o que precisamos. A minha leitura e do Filipe é que o plantel é muito bom e pode render ainda mais do que tem rendido. Não estamos aqui a pensar no que temos que comprar. Mas vamos reforçar tentando minimizar o erro. Não vamos contratar um jogador porque vai para o Corinthians... Não. Vamos contratar o que queremos, quando tivermos certeza. Já conversei com o presidente sobre as verbas que temos para gastar. Uma parte da profissionalização é não discutir assuntos internos publicamente. É suficiente para os reforços que queremos... O ADN do Flamengo é Zico, Junior Maestro... É um futebol ofensivo, dominante, temos que dominar e tudo vai ser feito para respeitar esse ADN."
Primeiros dias no Rio de Janeiro: "É um orgulho muito grande representar um clube como o Flamengo, mas ao mesmo tempo uma responsabilidade enorme. Foram dias muito corridos. Tive o encontro com o Zico, um ídolo de infância, foi algo que marcou do ponto de vista emocional. Conheci o Centro de Treinos (CT). Já tinha algumas referências de que era um CT muito moderno, mas sinceramente não esperava que fosse tão bom. Tenho que ser responsável e não posso chegar, sem conhecer as pessoas e o ambiente, e querer fazer as coisas à minha maneira. Primeiro, vou conhecer todos da estrutura do futebol para saber se eles se adaptam à forma como pretendo trabalhar e também, o mais importante, cuidar da equipa profissional."
Informações que saem para o exterior: "Uma das coisas que discuti com o presidente é fechar o Centro de Treinos. Acabou a visita de gente que não tem nada a ver com o trabalho diário. Sei que as pessoas gostam, mas isso vai acabar. Nas viagens, também vai acabar ir no mesmo avião ou no mesmo hotel pessoas que não têm a ver com o futebol. Foram as primeiras medidas que tomei. Só entra aqui quem tem a ver com futebol. Depois, se começar a vazar as coisas só com as pessoas que estão aqui, vamos averiguar."
Brasileirão é a prioridade? "Dos lugares de onde venho, o campeonato é o mais importante. Mais que a Taça. Talvez a Champions seja o mesmo nível. Mas no Flamengo temos que pensar que entramos em tudo para ganhar. Temos que ter um plantel e a mentalidade de que vamos para ganhar tudo. Se por um motivo tivermos que priorizar algo, vai ser sempre o campeonato."
Possíveis saídas do plantel: "Os jogadores têm contrato. Quando se assina contrato com o empregador tem que se cumprir e respeitar. Vamos analisar com calma, entender se vale a pena da parte do Flamengo renovar, se os jogadores têm a visão de renovar ou não. Mas tenho uma visão muito pragmática. O jogador assina o contrato e, se o treinador precisar, não é porque está a seis meses de terminar que não joga. O treinador precisa? Joga. O jogador é profissional. Nós, como entidade que paga, temos que exigir o profissionalismo. Se vamos renovar todos ou só um, se vai ser o Cleiton ou não, temos que analisar. Cheguei há dois dias, há coisas a trabalhar. Espero que a partir de hoje tenha um pouquinho mais de paz para dedicar mais horas ao trabalho."