Jogou em Portugal e conta como se vive no Irão: "Entras num lugar e não sabes se sairás"
Kainã Nunes casou com uma portuguesa, mas esta não aguentou a tensão e os costumes do país e foi embora ao fim de dois meses. Em Portugal, o atacante vestiu a camisola de cinco emblemas
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Kainã Nunes, avançado de 28 anos que representou cinco clubes em Portugal (Moura, Marco, Felgueiras, U. Madeira e Olhanense), rescindiu recentemente com o Esteghlal Khuzestan, do Irão, e contou ao Globoesporte como é a vida naquele país, onde a tensão é constante e os costumes complicam o dia a dia.
"O agente chegou com a proposta, olhei para a minha esposa e perguntei onde ficava o Irão. Você pouco sabe, só ouve falar da guerra. Ficamos preocupados, mas analisamos a oferta, que era muito boa. Não é fácil viver lá. São muito religiosos e o país não tem muita abertura. Não é fácil para as mulheres. Elas querem ser livres, ir ao ginásio e tirar o véu, mas sempre precisam de estar com as roupas típicas. Ficam um pouco presas. O lançamento dos mísseis deixou a minha esposa muito preocupada. Não se adaptou e só ficou dois meses lá", lamenta, referindo-se à portuguesa Beatriz Silva, com a qual casou ainda em Portugal.
Kainã Nunes tinha contrato por mais um ano com o Esteghlal Khuzestan e deixou o clube em maio, antes do conflito com Israel se agravar. "O país precisa dar o aval para você deixar o país. Eles precisam entender o caso, o clube tem de explicar. É um pouco burocrático, mas eles querem ter o controlo e leva um pouco de tempo. O brasileiro que jogava comigo, o Sávio, precisou mais tempo para sair. Você entra num lugar de guerra e não sabe se sairá. Quando coloquei os pés no aeroporto, senti um alívio, alegria por retornar a ver a família", completou.