Jogador do Maiorca arrasa clube, federação e governo: "Desprezível. Foi mais grave do que Rubiales"
Mulheres dos jogadores do Maiorca queixaram-se de apalpões na Supertaça de Espanha disputada na Arábia Saudita
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Dani Rodríguez, jogador do Maiorca, foi duro com o próprio clube, a federação espanhola (RFEF) e o Governo, numa entrevista ao ABC, a propósito do assédio às mulheres dos jogadores em Jedah, na Arábia Saudita, durante a Supertaça de Espanha.
"Acho que é desprezível. Ele [presidente da federação espanhola de futebol] tem medo de perder um rendimento importante. O facto de os valores das pessoas não estarem acima de qualquer quantia de dinheiro é o que eu mais condeno. A minha mulher tem quase 40 anos e sabe quando é assediada e quando lhe tocam o rabo. Temos um grande país, mas temos um flagelo que são os políticos. Eles são o maior flagelo de Espanha. Nenhum deles nos representa e estão no cargo apenas para se enriquecerem. O que aconteceu em Jedah com as nossas mulheres é muito mais grave do que o que aconteceu com Rubiales. Sentimos falta do facto de ninguém ter saído em defesa das nossas mulheres e também dos nossos homens. Os homens foram agredidos fisicamente e as mulheres foram assediadas sexualmente", atirou.
"A expedição do Maiorca era pequena e à saída do estádio, os homens foram esbofeteados e insultados sem qualquer tipo de segurança. E o mais grave foi o que aconteceu com as nossas mulheres, mas também com irmãs e mães. Apalparam-lhes o rabo e encostaram-lhes os telemóveis à cara para tirar fotografias, como se nunca tivessem visto uma mulher ocidental. A Federação era responsável pela segurança daquela expedição, se estivesse preocupada connosco, penso que todos teríamos mantido a calma, mas foi exatamente o contrário. Enquanto lhe apalpavam o rabo, à minha mulher, ela trazia a minha filha mais nova ao colo, a mais velha segurava-lhe a camisa e a do meio segurava-lhe a perna", prosseguiu.
Por fim, rasgou também o clube, que não se pronunciou oficialmente: "É mais uma desilusão que me entristece profundamente. Depois de sete anos no clube, com tudo o que se cresceu, sempre a falar de como somos uma família e tal... É incrível que não tenham dito nada. Se o Maiorca não agiu bem, tenho de o dizer, e isso não significa que esteja a faltar ao respeito a ninguém".