João Mário quer o Europeu e atira a O JOGO: "Há coisas que não são feitas para estarem juntas"
<strong><em>ENTREVISTA, PARTE I </em></strong>- A O JOGO, o médio revela a prioridade para esta época e como isso foi decisivo para trocar o Inter pelo Lokomotiv, onde reencontra o amigo e herói do Europeu, Éder.
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Foram três épocas ao serviço do Inter - com uma passagem de seis meses por Inglaterra, ao serviço do West Ham - com pontos altos e baixos. A transferência relâmpago para o Lokomotiv Moscovo, onde joga o amigo Éder, foi uma surpresa. Em entrevista exclusiva a O JOGO, o médio campeão da Europa em 2016, explica o que o motivou nesta mudança, fala do sonho do Europeu e por que não queria regressar.
Como é que está a correr para já a adaptação à Rússia?
-Ainda estou a ambientar-me, mas está tudo bem. É uma experiência de vida diferente, uma nova língua, cultura. Agora, tenho de conhecer melhor as rotinas para me adaptar.
Como é que nasceu esta operação-relâmpago com o Lokomotiv?
-Apresentaram-me o projeto alguns dias antes, a mensagem que me passaram é que gostavam muito de mim, que iria jogar e ponderei muito, porque estamos no ano do Europeu e sabia que precisava de um projeto onde fosse jogar com regularidade. Tinha de jogar.
O que o Éder lhe contou sobre o clube pesou muito na decisão final?
-Quando os jogadores estão a negociar com um clube, perguntam tudo e mais alguma coisa sobre o mesmo, a cidade. O que ele me passou foram impressões muito positivas. O Éder é um amigo e disse-me bem do Lokomotiv, que era muito estável, tem uma equipa ambiciosa, luta para ser campeã, possui uma boa estrutura, o treinador, os colegas falam-me bem de tudo.
Teme que o facto de estar na Rússia, um campeonato com menos visibilidade, possa afastá-lo do radar da Seleção.
-Não acredito. Se repararem, nesta convocatória da Seleção há jogadores que estão no Olympiacos. O selecionador sabe o que estão a fazer todos os jogadores. Fiz dois jogos no Inter e fui convocado na época passada, acho que se jogar com regularidade, independentemente de estar na Rússia ou não, tenho mais hipóteses e também vou jogar a Liga dos Campeões.
Há cada vez mais competitividade no meio-campo da Seleção, além de jogar com regularidade, o que é preciso fazer mais para estar no Euro?
-Não é fácil. Há muita qualidade na Seleção, não só no meio-campo, é uma equipa forte, tenho de jogar e estar a um bom nível. Se não jogar, tenho a certeza de que não posso ambicionar estar no Euro. Fiz uma pré-época muito intensa e agora sinto-me bem.
"Há coisas que não são feitas para estarem juntas"
Apesar de estar só emprestado ao Lokomotiv por uma época, João Mário já vê o Inter como um capítulo encerrado na sua carreira, até porque os russos têm uma cláusula de compra de 18 M€. Ao longo da última temporada em Milão, o médio português fez algumas boas atuações, que apaziguaram a sua relação com os adeptos, mas, ainda assim, não foram o suficiente para garantir um lugar no plantel do novo técnico António Conte.
A pergunta à qual todos querem resposta é: porque não conseguiu afirmar-se no Inter?
-É difícil dar um motivo. Este Inter de hoje é muito diferente do que encontrei quando eu cheguei. Nota-se agora uma grande exigência, rigor, tem um excelente treinador. Agora, tem tudo o que precisava para dar um passo em frente. Quando vim em 2016, o técnico [Mancini] tinha acabado de sair, depois chegou outro [Frank de Boer] e outro... [Vecchi primeiro e Pioli a seguir]. O clube há três anos não era o que é hoje. Mas cheguei naquele ano, era o que tinha de ser.
Sente que não houve paciência consigo? Que não lhe deram tempo?
-É difícil falar agora sobre isso. Sempre que falei, fui mal interpretado, tento não pensar muito nisso, simplesmente há coisas que não foram feitas para estarem juntas. Fico feliz por ver o Inter forte, vou sentir a falta dos meus companheiros e desejo-lhes a maior sorte do mundo para esta época. O treinador é muito bom, muito competente e o Inter vai voltar a ser grande.
Apesar de todos os momentos difíceis, o que é que aprendeu em Itália e na Serie A?
-Muita coisa, apesar destes anos complicados e apesar de ter chegado como campeão europeu, sinto-me muito mais maduro agora, do que o era no verão de 2016. Aprendi muito, foi a primeira vez que saí do país, hoje sinto-me um jogador mais completo.
Vê o Inter já a lutar com a Juventus pelo título este ano?
-Sim, o Inter de hoje é muito organizado, acho que vai haver mais competitividade esta época e Nápoles e Inter vão dar muita luta à Juventus.
Não perca a segunda parte da entrevista aqui:
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