ENTREVISTA - Jogo épico conseguiu o Olimpija frente ao Ludogorets, que era favorito, mas caiu na Champions em terras eslovenas... aos 90"+12"; Após um jogo de emoções fortes, o treinador português foi protagonista de uma festa de arromba em Ljubljana, equipa que, pela primeira vez, vai estar na fase de grupos de uma competição europeia.
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João Henriques chegou ao Olimpija Ljubljana há dois meses e já é "da casa". Em quatro jogos nas eliminatórias da Champions não perdeu nenhum e conseguiu desde já um feito inédito no clube: disputar a fase de grupos de uma prova europeia. A façanha foi conseguida diante do Ludogorets, com o guarda-redes Vidovsek a dar o apuramento ao defender um penálti aos 90"+12".
Qual a sua cota parte neste sucesso?
-Sou o primeiro treinador na história do clube com quatro jogos seguidos sem perder na Europa. Foram três vitórias e um empate. É uma marca importante para as pessoas confiarem em nós. Eu substituí um treinador que foi campeão e venceu a taça. A equipa estava preparada para um nível interno, mas para a Europa era preciso algo mais. E foi isso que nós trouxemos. Uma outra ideia de jogo. Uma equipa mais intensa e competitiva.
Que ideia de jogo é essa?
-Quando temos bola, temos que assumir o jogo, com uma abordagem ofensiva, assumindo alguns riscos, à imagem e semelhança do que fazem os grandes em Portugal. Dominadores, controladores do jogo, a entrar sempre para ganhar. Procurar a bola no meio-campo adversário, sermos pressionantes, intensos. Isso faltava um pouco a esta equipa. Não assumiam pressão alta, preferiam baixar para um bloco baixo ou médio. Queremos uma equipa proativa à perda da bola, agressiva e intensa.
Houve emoções fortes, com um penálti defendido nas compensações...
-Seria inglório sofrer um golo assim, até porque tínhamos tido várias oportunidades para concluir o jogo. Mas tínhamos muita confiança no guarda-redes. Preparámos penáltis e já sabíamos para que lado ia bater o Despodov. Estava estudado. Mas a qualidade do guarda-redes imperou naquele momento, claro. É um guarda-redes muito promissor, suplente de Oblak na seleção eslovena, tem um talento enorme.
Como foi a festa?
-Foi tremenda. Uma explosão enorme de alegria de todos, desde staff, jogadores e adeptos. Estavam dez mil no estádio, na terceira melhor assistência de sempre. É sinal de que estamos a conquistar os adeptos. Jogamos um futebol ofensivo, de qualidade, e as pessoas começam a entusiasmar-se com a equipa.
Agora, com presença certa numa fase de grupos, vai ter que ir ao mercado?
-Já estávamos à procura de mais um ou dois jogadores e assim mais necessário vai ser. Talvez mais dois ou três sejam necessários.
Serão portugueses?
-Já cá estavam dois e as pessoas gostam muito deles, inclusive o Sualehe foi eleito melhor lateral esquerdo da liga eslovena. O Rui Pedro também é muito apreciado pelas pessoas e está a fazer um trabalho fantástico. Com Jorge Silva as pessoas também estão encantadas. As pessoas acreditam no potencial e na qualidade dos portugueses que vêm para aqui. Mas não olhamos muito para as nacionalidades. Olhamos, sim, para a qualidade deles.
Como antevê o duelo com o Galatasary na terceira eliminatória da Champions?
-São superfavoritos. Mas vão ter que fazer o melhor deles para passarem. Vamos estar preparados frente a uma equipa que dispensa apresentações pela qualidade individual e pela experiência europeia. Vamos ter que fazer o nosso melhor e o nosso melhor até pode não ser suficiente.