João Carlos Teixeira, a "ideia errada" do Catar, um episódio caricato e o futuro: "Se fosse o Real..."
Em entrevista a O JOGO, o médio português do Umm-Salal considera que as pessoas "ficam receosas" à conta de uma imagem "que não corresponde à realidade. Ronaldo terá chance de "calar os críticos", afirma.
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Aos 29 anos, João Carlos Teixeira decidiu dar novo rumo à carreira e mudou-se de armas e bagagens para o Catar. O médio recebeu O JOGO no complexo onde vive - o "The Pearl", em Doha - e falou sobre a nova realidade que encontrou no Golfo Pérsico. Com bilhetes já garantidos para os jogos de Portugal, coloca a Seleção no lote de favoritos à conquista do Mundial"2022.
édio português está há meio ano no pequeno país do Golfo Pérsico e dá conta do esforço e investimentos realizados para que o Mundial corra bem
O que o levou a escolher o Catar e o Umm-Salal para dar seguimento à carreira?
-Ao longo da época anterior, já tinha pensado e pesquisado sobre os campeonatos do Médio Oriente. Fui quatro meses para o Famalicão, as coisas correram bem, mas depois fiquei livre. Apareceu esta opção no Catar e achei que seria um bom passo. Estou feliz.
Já marcou quatro golos em oito jogos. Pode dizer-se que tem corrido bem...
-Há cinco profissionais na equipa, os restantes jogadores são locais e, obviamente, há mais responsabilidade da nossa parte, porque representamos um investimento maior. Mas já me adaptei ao futebol e ao país.
Marcou, há pouco tempo, um golaço a 35 metros da baliza. Foi o melhor da carreira?
-Provavelmente sim! [risos] Mas dois ou três jogos antes já tinha marcado de fora da área com o pé esquerdo. Também gostei muito desse.
A nível financeiro, qual a verdadeira dimensão de jogar num clube catari?
-É algo que compensa pelos anos de contrato, que, no meu caso, são dois. Não me posso queixar da carreira que tenho feito, dos salários que fui tendo, mas compensa sempre vir para cá. Apesar de entrarmos num país caro, acaba por valer a pena.
Se surgisse agora uma proposta para voltar à Europa, aceitava?
-Se fosse o Real Madrid, claro que aceitava! [risos] Mas, neste momento, o meu plano é cumprir o contrato no Umm-Salal e depois logo se verá. Mas gostava de ficar mais alguns anos. Estou cá com a minha esposa e os dois filhos, sendo que o mais novo já nasceu cá.
O Catar promete organizar "o melhor Mundial de sempre". Acredita nesse cenário?
-O único senão é o facto de ser um país tão pequeno para albergar tanta gente de uma só vez. Agora, em termos de condições, infraestruturas, "fan zones", museus, praias... Eles investiram muito, há inaugurações todos os dias. É verdade que os preços das estadias são elevados, porque não há muita oferta, mas sinto que estão a passar uma ideia errada do Catar, as pessoas estão a ficar com receio de vir para cá por algo que não corresponde à realidade.
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O que espera da Seleção?
-Espero que vença. Seria maravilhoso Portugal ganhar o Mundial, o Cristiano [Ronaldo] ganhar o Mundial, até por causa desta polémica toda que tem havido. Seria mais uma forma de calar os críticos. E a Seleção tem muito valor, não vejo por que não se possa olhar para isso como uma missão. Coloco Portugal num lote de três ou quatro favoritos.
Sobre Ronaldo: a recente entrevista pode afetar a preparação de Portugal?
-Não vai influenciar nada, é algo a título particular, os outros jogadores não se vão preocupar com isso, vão é querer jogar bem e ganhar. A entrevista está relacionada com o Manchester United, não vai afetar.
As críticas que daí resultaram podem espicaçar Cristiano?
-Para bem da nossa Seleção, adorava que isso acontecesse. Que leve a taça de campeão do Mundo para Portugal.
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"Fui aos correios de calções e não pude entrar"
João Carlos Teixeira garante que, no Catar, nada teve de mudar em relação aos hábitos de vida que já tinha em Portugal. Bem, nada ou... quase nada. Entre sorrisos, o médio lembrou um episódio caricato.
Tinha de ir aos correios e fui de calções, por estar um calor insuportável. Quando cheguei, foi-me barrada a entrada. Depois lá acabou por vir um segurança e até vesti as calças dele, para poder entrar. Tudo se resolveu, mas a verdade é que não fazia ideia de que, aqui, não se pode entrar de calções em locais como correios e hospitais", recordou.