"Jesus deixou um legado, assim como Abel. Mas o Athletico também conquistou o seu título"

António Oliveira, treinador do Athletico Paranaense
ENTREVISTA - Filho de Toni, integrou a equipa técnica de Jesualdo Ferreira no Santos e depois auxiliou Paulo Autuori no Athletico Paranaense, clube que agora treina e onde espera ter o sucesso de outros compatriotas no Brasil.
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António Oliveira começou por auxiliar o pai e hoje é técnico principal num clube tido como exemplar no Brasil. Admira o trabalho de Jesus e Abel e considera que os treinadores portugueses deixam um legado por onde passam.
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Como foi começar a dar os primeiros passos como treinador em países como Irão, Eslovénia, Kuwait?
-Todas as experiências nos enriquecem e dão uma oportunidade de conhecer novas culturas, novas religiões... Aproveitei a minha trajetória como jogador para me preparar para ser treinador. Depois, não escolhemos os sítios onde vamos começar. As oportunidades surgem... No Irão foi uma experiência fantástica do ponto de vista social, do ponto de vista desportivo foi fantástico, alcançámos muitos êxitos e o reconhecimento de muita gente. A seguir, estive na Eslovénia, depois dois anos no Kuwait com bastante sucesso. Para além do ponto de vista social ser realmente atrativo. Mas em termos desportivos os anos mostraram que o contexto desportivo para mim já estava esgotado, as minhas ambições eram outras.
Foi então que cortou a ligação ao seu pai e aceitou o convite para trabalhar com o Jesualdo Ferreira no Brasil, certo?
-Exatamente. Mas eu nunca deixei o meu pai, nunca vou deixá-lo sair da minha vida (risos). As oportunidades vão surgindo e tenho de perceber o que é melhor para a minha carreira e se o desafio que me é lançado corresponde às minhas expectativas. Eu não podia recusar a oportunidade de trabalhar com o professor Jesualdo, a quem estarei sempre grato, uma pessoa que deu uma oportunidade para o António Oliveira ser conhecido no futebol brasileiro. E o Santos é um nome fortíssimo no futebol e tenho esse orgulho enorme de ter trabalhado nesse grande clube.
"Os anos mostraram que o contexto desportivo [no Kuwait] para mim já estava esgotado, as minhas ambições eram outras"
É o quarto técnico português numa equipa do Brasileirão em pouco tempo. Qual foi a importância do trabalho de Jorge Jesus para abrir portas aos portugueses?
-O Jorge, para além dos títulos da Libertadores, do Brasileirão, entre outros, deixou um legado de competência, de profissionalismo e esta é a marca do treinador português em qualquer parte do mundo. Essa adaptabilidade que temos em conseguir trabalhar em diferentes contextos e situações. As pessoas gostam de treinadores ganhadores e ele foi um vencedor aqui, deixou a sua marca e será sempre lembrado. Assim como o Abel Ferreira, que conquistou a Libertadores, a Taça do Brasil. Mas o Athletico também conquistou o seu "título" este ano, partindo de um 19.º lugar com 16 pontos e acabando num honroso 9.º lugar, com a segunda melhor defesa do campeonato e com o acesso à Taça Sul-Americana, onde já somou duas vitórias em dois jogos. Isto foi o nosso título, com mérito total e exclusivo dos nossos jogadores que mostraram toda a competência.
"LUCHO NASCEU PARA TRIUNFAR"
Lucho González, ex-jogador do FC Porto, prepara-se para encerrar a carreira no Furacão aos 40 anos (é mais velho do que o treinador) e António Oliveira só tem coisas boas a dizer o médio argentino.
"Trabalhar com ele é muito fácil. Nós temos no plantel um vencedor. O reconhecimento dos clubes onde passou, para além do talento que ele tem, é fruto do profissional enorme que é, além de ser uma pessoa extraordinária. Só posso dizer coisas muito positivas relativamente ao Lucho. Nasceu para triunfar", comentou sobre um jogador que vai despedir-se dos relvados em maio e passará a integrar a estrutura técnica do clube.
