"Já fui vítima de xenofobia e perseguição, não sei porquê. Ou é por ser português..."
Declarações de Abel Ferreira, treinador português do Palmeiras, após o empate na visita ao Internacional (1-1), em jogo da 21.ª jornada do Brasileirão
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Vinha de três derrotas seguidas: “Sabíamos que vínhamos de um mau momento e ninguém aqui está habituado a derrotas seguidas, em função do passado recente, mas na vida e no futebol não há só alegria, há frustrações e é nestes momentos que vemos quem nos apoia incondicionalmente ou só de vez em quando. Somos todos um no clube em todos os momentos e eu falei com os jogadores várias vezes neste período difícil em termos de derrotas, não de títulos, que faz parte. Não conheço equipas que só vencem, treinadores que só ganham, jogadores que joguem sempre bem ou famílias perfeitas e chegou o nosso momento de sofrer. Eu já disse que houve saídas e entradas, há um período de adaptação, jogadores que baixaram de rendimento por questões emocionais e este mês fomos fustigados pelo interesse de clubes estrangeiros, com propostas absurdas e salários que mexem com todos, mas mais do que isso, é a quantidade de lesões que não tivemos em anos anteriores. Dudu vem de uma lesão gravíssima, o Estêvão vinha de uma performance extraordinária e ficou lesionado, Murilo ainda hoje teve de sair, já para não falar do Piquerez, que não joga mais este ano. Veiga joga sempre no sacrifício, Zé Roberto teve uma dor de costas e o Mayke nós contamos, mas tem acontecido muita coisa ao mesmo tempo”.
Empate importante para diminuir críticas: “A segunda parte foi a imagem da nossa equipa. Eu confio nos meus jogadores e disse-lhes para terem cuidado, porque o jornalismo oportunista vem nestes períodos. Nunca tive nenhum problema com os jogadores, porque digo o que gosto e não gosto nos olhos e trato-os como uma família. Contamos com os 15 ou 16 milhões de adeptos e é por eles que vamos continuar a lutar por títulos. O futebol é feito de alegrias e tristezas e toda a gente no Palmeira gosta de ganhar, mas ninguém gosta mais do que eu. Neste contexto, para os distraídos, mal-intencionados e oportunistas, para aqueles que têm inveja do Palmeiras, é nestes períodos que temos de ver quem está do nosso lado e a ajudar este grupo a continuar a ganhar. A força tem de vir de dentro, não é só o treinador que ganha ou perde, todos têm responsabilidades, desde o porteiro à presidente. O treinador escolhe os jogadores para jogar e quem tem a informação toda sou eu, não é o adepto nem o jornalista. Vamos lutar até ao último segundo pelo próximo objetivo”.
Reclamou respeito, porquê? “Estou aqui há quatro anos, já fui vítima de xenofobia e perseguição, não sei porquê, ou é por ser português ou por ser treinador do Palmeiras ou por não gostarem do Palmeiras. É a minha opinião, não sei se é por ter ganho algumas coisas, por ser treinador de um clube fundado por italianos... não sei. Não cheguei aqui há quatro dias e não sou perfeito, não vou ganhar sempre”.