Declarações de Hervé Renard, selecionador da Arábia Saudita, em entrevista à rádio francesa RMC Sport.
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Como descreve o impacto de Cristiano Ronaldo no país? "Devido à carreira de Cristiano Ronaldo, devido ao impacto mediático que ele tem, isso é algo que não pode ser definido. É uma luz, é uma luz solar que cobre a Arábia Saudita. De qualquer forma, esse é o objetivo. Ele vai trazer o país para a ribalta um pouco mais rápido. Para contextualizar, Mohammad bin Salman chegou ao poder em 2017. Já passaram cinco, seis anos e o [desenvolvimento do futebol] é muito curto, por isso há vontade em atingir um objetivo que é um slogan aqui: "Saudia 2030" (alusivo à candidatura para a organização do Mundial'2030)".
Na apresentação no Al Nassr, Ronaldo disse que recebeu propostas de vários países. Ficou surpreendido por ter escolhido a Arábia Saudita? "Não, de modo algum. Hoje em dia, a Arábia Saudita é um desses países, que são poucos no Mundo, que podem atrair muitas grandes celebridades internacionais. Não é apenas no setor do desporto, na indústria musical temos DJ Snake e Drake, que vem frequentemente à Arábia Saudita, e por aí fora. Estes são apenas exemplos a um nível cultural. O desporto também vai fazer parte destes vetores que farão a Arábia Saudita gastar muito dinheiro. Mas se o fizer, é porque certamente pode pagar. Isto vai colocar um enorme foco de atenção no país. A vitória contra a Argentina no Mundial já deu uma grande vitória e esta chegada de Cristiano Ronaldo é algo enorme para o país".
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Ronaldo também salientou a vontade de promover o futebol feminino saudita. Considera que o país está preparado para abrir horizontes nesse aspeto? "Não cheguei aqui no mês passado, cheguei em agosto de 2019, ou seja, há três anos e meio e por isso vi uma evolução. Uma evolução perceptível em muitas coisas. Começou em 2017 [o desejo de mudança do governo saudita]. Antes de 2017, havia uma polícia religiosa no país. Hoje em dia ainda existe, mas já não está ativa no terreno como acontece, pelo que me dizem, no Irão neste momento. É um país que está a sofrer uma enorme mudança, as pessoas têm de o aceitar, a população tem de o aceitar, mas como este país é composto por cerca de 70% de jovens, penso que vai passar bastante rapidamente por esta transformação cultural. Ainda leva um pouco de tempo e irá acontecer pouco a pouco. O desporto será talvez o principal fator para fazer avançar as coisas. Há um ano que estão a organizar um Grande Prémio de Fórmula 1, neste momento há o Rally Dakar e os Jogos Asiáticos de Inverno foram a votos. Todos estes são eventos desportivos que farão a Arábia Saudita tentar acelerar ainda mais a sua renovação".
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