Hélder Lopes em exclusivo: "Nunca tinha visto tal coisa, mas não foi por isso que fomos campeões"
Aos 29 anos, na sua época de estreia no AEK, o lateral-esquerdo ajudou o emblema ateniense a colocar ponto final num jejum que durava há 24 anos. Ambicioso, espera vencer ainda mais um troféu.
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Foi só aos 23 anos que Hélder Lopes se estreou na I Liga, pelo Beira-Mar. Seguiram-se três épocas no Paços de Ferreira e uma no Las Palmas. Na segunda experiência no estrangeiro, concretizou o sonho de ser campeão.
Como sentiu a conquista do título pelo AEK?
-Esta conquista foi um dos momentos mais felizes da minha vida. Uma sensação incrível ganhar, ainda para mais num clube que não era campeão há 24 anos. Vivemos uma festa enorme no nosso estádio, num jogo em que tivemos 65 mil adeptos a apoiar-nos. Foi um momento lindo e que prosseguiu depois.
AEK tem ainda a oportunidade de fazer a dobradinha, algo que não alcança desde 1978. A final é contra o PAOK, rival no jogo mais polémico da época. Isso pode ter alguma influência no jogo?
-Penso que nos vai passar ao lado. Já foram tomadas pela federação as medidas que tinham de ser tomadas, nomeadamente o castigo ao presidente do PAOK, que entrou armado no relvado. Vamos estar focados no que interessa, que é vencer a Taça. Agora, queremos alcançar a dobradinha. Seria fantástico. No ano passado, o AEK perdeu a final para o PAOK, pelo que este jogo representa também a hipótese de uma espécie de vingança. Queremos terminar a época com chave de ouro.
Como conseguiram superar a concorrência, nomeadamente do crónico campeão Olympiacos?
-No início foi muito difícil, devido à grande hegemonia do Olympiacos, que todos sabem ser o clube mais rico e forte na Grécia. Também por isso, é um grande motivo de orgulho o que alcançámos. Isto não esquecendo o PAOK, que também possuía um plantel forte. Mas, felizmente, tivemos excelentes resultados desde o início e contamos com um grande treinador, Manolo Jiménez, que nos ajudou muito.
A regularidade foi fundamental?
-Sim, sem dúvida. Fizemos grandes jogos, não só no campeonato, mas também na Liga Europa, onde conseguimos passar a fase de grupos. É preciso não esquecer que não perdemos nenhum dos clássicos para a liga, aliás, ganhámos quase todos e empatámos uma partida, que era decisiva, no campo do PAOK.
O momento decisivo da época foi o jogo em Salónica com o PAOK, que acabou por custar a perda de pontos a este último?
-Foi importante, mas não decisivo. Quando jogámos lá, já liderávamos, tínhamos dois pontos de vantagem. Depois, é verdade, aconteceu aquele imprevisto, aquela loucura, de o presidente do PAOK invadir o relvado quase no final da partida com uma pistola à cintura... Ele foi reclamar de um golo anulado, mas foi uma decisão justa, havia fora de jogo. Claro que, depois, gerou-se uma enorme confusão, a partida não terminou e foi-nos atribuída a vitória.
Foi assustador?
-Nunca tinha visto tal coisa. Mas não se pode dizer que foi por causa disso que fomos campeões. Celebrámos o título com oito pontos de vantagem, e é merecido.
De que forma estes episódios dão uma má imagem do futebol grego?
-São situações desagradáveis que marcam e que, infelizmente, são mais frequentes do que deveriam ser. Mas é preciso compreender que os gregos vivem intensamente o futebol. Por isso, quando há um dérbi ou um clássico, só podem estar no estádio os adeptos das equipas da casa.