"Há trinta anos, era muito mais simples entrar nos cursos de treinador..."
Leonardo Jardim, atualmente sem clube, concedeu uma entrevista ao jornal francês L'Équipe, onde falou sobre o acesso à carreira de treinador em França e Portugal.
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Em França, teria tido a mesma oportunidade no mundo profissional de treinadores do que em Portugal? "Não tenho a certeza. Mas penso que a diferença talvez seja a precedência. Em Portugal, há trinta anos, desde Carlos Queiroz e depois José Mourinho, era muito mais simples entrar nos cursos de treinador sem ter experiência de jogo. Em França, como em muitos países, é ainda historicamente muito importante ter um passado como jogador de alto nível.
Quem tem a culpa disso? "A visão da Federação, do futebol francês no geral, é um pouco diferente. Carlos Queiroz e José Mourinho iniciaram as suas carreiras após os estudos universitários. Em Portugal, a ligação com a universidade é importante. E de facto, hoje em dia, o treinador tem de gerir muitas situações, falar diariamente com os assistentes, o pessoal médico, os diretores, é um trabalho muito mais diversificado, muito mais amplo do que apenas no campo. É importante ter uma formação académica. Ter sido um jogador de alto nível oferece uma forma de formação técnica, mas não o resto".
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O acesso à formação para os ex-jogadores é um problema? "É sempre mais difícil, primeiro porque a impaciência está em todo o lado. Atualmente, após dois anos como assistente, querem ser treinador principal. Mas, por vezes, é necessário um caminho mais gradual. O tempo é um elemento importante na formação de um treinador. Eu estava na terceira e na segunda divisão antes de ter uma oportunidade na primeira divisão portuguesa".
Compreende os clubes que não têm certificados (dos respetivos treinadores) e pagam uma multa de 25 mil euros por jogo? "Não compreendo, não. Quando se vai ao médico, vai-se porque ele tem um diploma. É o mesmo para um arquiteto, um advogado ou um jornalista, então porque não deve ser o caso para um treinador na Ligue 1? Na outra semana, li que um presidente europeu tinha despedido o treinador e nomeou-se para o seu lugar. Mas existem leis, regras e o respeito pelo certificado é importante para a credibilidade da nossa profissão, tal como para todas as outras profissões".
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