Mauro Eustáquio é adjunto no Canadá: "Há qualidade, as equipas de cá entravam na II Liga"

Sem esconder o sonho de treinar "no nível mais alto de Portugal", Mauro Eustáquio, luso-canadiano irmão de Stephen Eustáquio, agradece a confiança que tem recebido no país da América do Norte.
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Depois da participação do Canadá no Mundial, a Liga daquele país arranca hoje e o luso-canadiano Mauro Eustáquio, adjunto de 30 anos do York United - defronta amanhã o Valour FC -, desvenda, a O JOGO, alguns dos segredos de um campeonato que está a crescer aos poucos.
Premier League do Canadá arranca este sábado e, a O JOGO, o adjunto do York United, nascido na Nazaré, levanta o véu sobre um campeonato em processo de desenvolvimento
Como avalia a primeira experiência como treinador-adjunto?
-Tem sido boa, aprendi a lidar com diferentes situações. Joguei com vários jogadores com quem trabalho agora, existe sempre aquele pensamento inicial sobre as reações de parte a parte... Mas tem havido respeito desde o primeiro dia e isso permite-me trabalhar da melhor forma. Também há confiança por parte do treinador principal [Martin Nash], que me deixa crescer dentro do clube. O último ano foi muito bom, agora queremos fazer melhor. Há equipa para isso, reforçámo-nos bem.
Estava em Portugal, mas deu este primeiro passo no Canadá. Porquê?
-Conheço as competições e o tipo de jogador que encaixa neste nível. Sinto-me confortável aqui, recebi o convite de um treinador que me orientou enquanto jogador e criámos um laço externo ao futebol, que ajudou. Foi algo repentino, ele estava à procura de uma equipa técnica nova e convidou-me. Não pensei duas vezes, quer pela pessoa que é, quer pela confiança que dá. Foi o casamento perfeito.
"Não digo que as nossas equipas lutassem para subir na II Liga portuguesa, mas temos crescido"
Qual o objetivo traçado pelo York United para esta época?
-É uma época muito importante para nós. Já temos um ano na Premier League, temos uma equipa com alguma experiência, fomos recrutar jogadores com experiência na América do Norte e temos mentalidade vencedora. O nosso primeiro objetivo é chegar ao "top-4", que dá acesso ao play-off. Mas temos ambições altas, queremos estar nas decisões, arriscar um pouco mais do que na última época.
"No Canadá, o futebol é o desporto mais praticado por adultos e crianças"
Em que escalão do futebol português se enquadraria o York United?
-Diria que estamos ao nível da II Liga. Não digo que as nossas equipas lutassem para subir, mas há bastante qualidade. Temos crescido, podemos dizer que estamos num nível atrativo para os jogadores. Algumas equipas de cá chegaram aos quartos de final da Champions da CONCACAF, há jogadores que querem passar para este lado do oceano. Vamos continuar a trabalhar para desenvolver os jogadores canadianos, de forma a que deem o salto, mas também as nossas equipas.
O futebol não é o desporto rei no Canadá. O que falta para subir de patamar?
--É engraçado, porque o futebol é o desporto mais praticado por adultos, homens e mulheres, e crianças. Mas acaba por ser uma "novidade"... Ter cá o Mundial em 2026 vai ser fantástico, as coisas têm de continuar a ser bem feitas, os jogos têm de continuar a ser transmitidos na televisão, algo que nem acontecia há três ou quatro anos. Agora, há cada vez mais acordos para que os jogos sejam transmitidos. É um desporto que está cá há dezenas de anos e a comunidade imigrante também ajuda. Se a federação der seguimento a este trabalho sustentável, é uma questão de tempo até vermos o Canadá num patamar muito elevado.
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Ser treinador principal é o seu objetivo?
-Estou no segundo ano como treinador, estaria a mentir se dissesse que não quero ser treinador principal um dia. Qualquer português gostava de treinar no nível mais alto em Portugal, é um sonho que já tinha como jogador, mas não aconteceu. Espero ter a capacidade de treinar a esse nível. Conheço as minhas capacidades e vou fazer o máximo para riscar esse objetivo da lista.
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