Gundogan pede união na Alemanha: "Como capitão com antecedentes migratórios..."
Capitão da seleção anfitriã do Euro'2024 pediu união aos adeptos alemães, numa mensagem com forte contexto político
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No mesmo dia em que a anfitriã Alemanha vai arrancar o Euro’2024 frente à Escócia (20h00), Ilkay Gundogan, capitão da seleção, escreveu uma carta aberta aos adeptos germânicos, publicada pelo jornal Bild, apelando a uma união da sua parte durante o decorrer do torneio.
Numa mensagem com forte contexto político, o médio de 33 anos, que tem pais turcos, salientou os seus “antecedentes migratórios” para defender a importância da diversidade cultural numa equipa, pedindo nesse sentido respeito por todas as pessoas que visitarem a Alemanha durante o Europeu.
Gundogan, num discurso muito sentido, admitiu ainda que há seleções mais “estáveis” e “preparadas” do que a Alemanha para vencer o torneio, mas frisou que, com a ajuda dos adeptos, a equipa continuará a sonhar com a conquista do seu quarto título europeu.
A Alemanha está inserida no Grupo A do Europeu, juntamente com a Escócia, Hungria e Suíça.
Leia a carta na íntegra:
"Queridos adeptos,
O jogo desta noite, às 21h00 [hora na Alemanha] é mais do que um sonho tornado realidade para mim: levar a minha seleção nacional ao campo como capitão de um torneio local; só de pensar nisso fico com pele de galinha.
Tal como o nosso caminho como equipa tem sido difícil e cheio de contratempos nos últimos anos, eu também posso recordar uma fase complicada com a camisola da DFB [Federação Alemã de Futebol]. Sinto-me ainda mais orgulhoso por levar a Alemanha ao campo como o primeiro capitão com antecedentes migratórios num torneio importante.
Posso liderar uma equipa que é especial porque está formada por tantas culturas e países diferentes. Estes são exatamente os fatores que nos enfortecerão como seleção alemão em 2024: a diversidade e a influência de diferentes culturas. O que pudemos aprender e sentir no passado é que o futebol tem o poder de unir as pessoas.
Vivemos em tempos em que cada vez se constroem mais frentes. As pessoas não se ouvem entre si. Há uma divisão na nossa sociedade. Como equipa, nas próximas quatro semanas queremos unir o nosso país, contribuir para que possa haver mais coesão, que as pessoas possam estar mais orgulhosas da sua seleção alemã e continuar a aproximar os milhões de convidados que virão ao nosso bonito país nas próximas semanas com abertura, respeito e amizade.
Queremos ser campeões da Europa. Mas mesmo se no final não ganharmos o título, ainda poderá ser um bom torneio. Tal como em 2006, quando tinha 15 anos e pude assistir como adepto. Celebrámos um conto de fadas de verão, ainda que só tenhamos ficado em terceiro.
Temos de dizer abertamente que algumas equipas são um pouco mais estáveis e chegam melhor preparadas do que nós. Mas com o fantástico apoio dos nossos adeptos, podemos ganhar este Europeu em casa em muitos níveis. Como bons anfitriões, como sociedade cosmopolitana e, oxalá em campo, ajudem-nos a tornar realidade o nosso sonho. Juntos!”.