Ganhou a Champions com Casillas, Figo e Zidane, foi preso e agora é... decorador
Raúl Bravo formou-se no Real Madrid e agora vive na sua terra natal, Gandía
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Raúl Bravo, antigo campeão da Europa com o Real Madrid (com jogadores como Roberto Carlos, Casillas, Figo e Zidane, entre outros), lateral-esquerdo convertido a central por Carlos Queiroz, afastou-se do futebol após passar por clubes de menor monta, alguns até amadores e agora surpreende pela nova profissão: decorador de interiores.
O ex-jogador chegou a passar uma noite na prisão, ao ser envolvido no caso Oikos, de apostas ilegais (a justiça espanhola arquivou, entretanto, o processo). "Nessa altura, odiava o futebol, porque saí escaldado. Acabei por ficar muito desgostoso. Mas a quem percebe um pouco de futebol, gostaria de dizer que como é que podem acreditar que se pode comprar uma equipa para obter um resultado. É absurdo, como é que se vai comprar um jogador da Primeira Divisão por 2.000 ou 3.000 euros? É surrealista. Não faz sentido. Fizeram de nós um circo, um filme da Netflix. Durante três meses só se falou de nós. Olha, coincidiu com a contratação do Hazard pelo Real Madrid e falou-se mais de nós. Todo o dia na televisão. E agora estão a dizer-nos que o assunto está resolvido porque não há provas. Mas como é que pode haver provas de uma coisa dessas? Estas pessoas não vão agora pagar uma indemnização pelos danos que nos causaram. É muito injusto. Sabíamos que ia ter um final feliz porque estávamos inocentes", comenta, em entrevista ao AS.
Sobre a nova carreira, justifica: "Quando pendurei as botas, perguntei a mim próprio: 'O que é que faço agora?' Quando se deixa o futebol, o primeiro ano é muito complicado. Nem sequer se sabe onde se está. É uma sensação muito má. Acontece a todos os jogadores. Eu gostava de decorar casas, de pensar nelas e de as desenhar. Mas quando um cliente me procurava, perguntava-me onde tinha estudado e que formação tinha. Eu dizia-lhes: 'Em lado nenhum'. Era complicado. Com o dinheiro que tinha poupado, comprei várias casas e decorei-as à minha maneira, com as minhas ideias e a minha inspiração. Renovei-as e depois fiz o meu catálogo e coloquei-o no meu Instagram. As pessoas devem ter gostado porque comecei a vendê-las. Tenho um trabalho fixe. É o meu cartão de visita como decorador e designer de interiores. E as casas funcionam. Tem eletricidade, água quente... . E até hoje. Gosto de o fazer e divirto-me muito. Além disso, em Gandía temos paz e sossego, uma praia espetacular que se pode percorrer de uma ponta à outra em oito minutos, e depois podemos beber uma cerveja com os amigos. Que mais posso pedir?"