Gabriel Paulista emociona-se: "A polícia tirou a vida ao meu irmão com 21 anos"

Miguel Angel Polo/EPA
Defesa do Valência recorda com emoção os momentos difíceis na infância.
Gabriel Paulista, defesa do Valência, concedeu uma entrevista ao jornal espanhol "As" e recordou os tempos de infância, bem complicados, e os primeiros passos no mundo do futebol. O ex-jogador do Arsenal, agora com 27 anos, lembrou com emoção um irmão que enveredou por maus caminhos e perdeu a vida.
"Com oito anos jogava futebol com o resto das crianças na favela e com 12 estava no futebol de salão. Então comecei a jogar num clube perto de casa, mas disseram-me que tinha de pagar para continuar. Nesse dia chorei muito, porque sabia que os meus pais não podiam pagar. Pensei que nunca teria a oportunidade de ser futebolista. E assim passaram muitos anos", começou por recordar.
"Os meus irmãos mais velhos também tentaram ser futebolistas. Vi-os chorar muitas vezes porque não tiveram uma oportunidade. Quando tinha 17 anos Deus ajudou-me. Um rapaz comprou o Taboão da Serra, um clube da quarta divisão do Brasil. É uma equipa que joga a Taça São Paulo, o mais importante torneio para jovens no Brasil. Isto nunca contei (respira). O meu irmão quis ser futebolista, mas ninguém lhe deu a oportunidade. A vida na favela é muito difícil e ele escolheu o caminho errado, começou a fazer coisas más. A polícia tirou-lhe a vida com 21 anos. Esse rapaz que comprou o Taboão da Serra tinha sido amigo de infância do meu irmão. Um dia chamou a minha mãe e disse-lhe: 'vou dar ao Gabriel a oportunidade que o seu outro filho não teve'", contou Gabriel, que depois mudou-se para o Vitória da Bahia, onde se fez profissional e brilhou antes da primeira experiência na Europa, ao serviço do Villarreal.
"A história é triste, mas alegra-me recordar. Dá-me forças para poder trabalhar mais, para valorizar cada minuto da minha profissão. No mundo há muita gente doente que não pode fazer nada. Ouvir a história da minha mãe dá-me força", vincou.
