Depois da "nega" ao Girona-Barcelona em Miami, como queria LaLiga, e do anúncio dos fim dos jogos à sexta e segunda-feiras, a federação apresentou uma prova semelhante à existente. Esta quinta-feira decide-se a atribuição dos direitos televisivos da Liga feminina espanhola.
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O futebol feminino de Espanha, que tem a quinta melhor liga europeia, de acordo com o ranking da UEFA desta temporada (Portugal é 24º), tornou-se o novo ponto de discórdia entre a Liga e a Federação de futebol do país vizinho (RFEF). Ou, como descreveu o jornal "El País", é mais um campo para onde se estendeu o confronto entre as duas instituições, lideradas, respetivamente, por Javier Tebas e Jose Rubiales.
Esta terça-feira, foi anunciado pelo secretário geral da RFEF, Andreu Camps, o aparecimento de uma nova competição feminina paralela à já existente - e com grande sucesso - Liga Iberdrola, de quem aparentemente se tornará concorrente direta. E com quem até poderá partilhar o sponsor, no dizer de Camps.
Com um forte apoio do patrocinador, cujo nome está associado ao da competição, e transmissões televisivas que esta época têm captado uma média de 105 mil espectadores, a competição organizada pela liga espanhola goza de boa saúde e conta com a participação de vários grandes clubes do país vizinho - Atlético de Bilbau, Atlético de Madrid, Barcelona, Sevilha, Bétis, Valência ou Real Sociedad, num total de 16 participantes. Em fevereiro, um jogo entre os dois Atléticos, disputado em San Mamés (Bilbau), contou com mais de 48 mil espectadores nas bancadas, passando a ser recorde do feminino em Espanha.
Dir-se-ia que este sucesso atraiu o apetite da federação, não fosse o historial de conflitos recentes com LaLiga e a prática justaposição do plano federativo à competição já existente. A RFEF quer acrescentar à liga principal de 16 equipas uma secundária, de 32, com um número mínimo de jogadoras da formação por plantel, limites de estrangeiras, salários mínimos e garantias salariais, por exemplo. "Não estamos a tirar uma para pôr outra, estamos a criar um novo modelo de competição que será liderado pela federação. Gostaríamos que a Iberdrola fosse o patrocinador oficial da competição que nós vamos liderar...", declarou o secretário da RFEF sobre a prova prevista para iniciar-se na próxima temporada.
A ideia não parece, no entanto, ter conquistado simpatias. A Associação de Clubes Femininos (70 membros, incluindo 14 da Liga Iberdrola) já manifestou a sua "mais absoluta rejeição" ao projeto, acusando a RFEF de "falta de rigor e transparência", uma vez que esta nada terá dito na reunião que tiveram no dia 6 do mês passado.
Depois de a RFEF, com ajuda da FIFA, ter impedido que se jogasse um Girona-Barcelona da Liga em Miami, como pretendia Javier Tebas, que também viu o presidente da federação anunciar o fim dos jogos às segundas e às sexta-feiras, o futebol feminino passou a ser o novo cenário deste conflito. Ou talvez seja apenas o tão batido conceito de se tentar saltar para o comboio em andamento, num país onde, como nota o mesmo jornal, o número de federadas aumentou 50% desde 2014 e a seleção foi vicecampeã mundial sub-20 e campeã mundial sub-17 e europeia sub-19. Ou seja, o futuro promete ser brilhante e pode começar já este verão, quando a seleção principal disputar o Mundial pela segunda vez, em França.