Autoridades espanholas relacionam suspeita de fraude com denúncias do Football Leaks. Suspeitos usaram direito ao silêncio na audiência com o juiz.
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O representante do fundo de investimento Doyen Sports e os restantes suspeitos de fraude fiscal indiciados em Espanha recusaram depor em tribunal, na sequência da megaoperação que, quarta-feira, teve lugar naquele país, num processo relacionado com transferências e gestão de direitos económicos e de imagem de futebolistas.
Os suspeitos são alvo de uma queixa da Fiscalía Anticorrupción (unidade anticorrupção do Fisco espanhol) por alegada fraude fiscal e branqueamento de capitais, num montante próximo dos 4,5 milhões de euros, relacionada com atividades em 2013. Relata a agência noticiosa EFE que, segundo o juiz José de la Mata, só depois de 2015, e após as denúncias da plataforma Football Leaks, é que a Doyen começou a registar em Espanha as suas movimentações no mercado futebolístico.
Entre ontem e esta sexta-fera de manhã, recusaram-se a depor, num tribunal de Madrid, o representante da Doyen (acusada enquanto entidade coletiva), os empresários Juanma Lopez e Mariano Aguilar, antigos jogadores do Atlético de Madrid, assim como a mulher do primeiro e o irmão do segundo. Estão todos indiciados num processo em que também é suspeito o português Nélio Lucas, administrador da Doyen à data dos factos, que alegou viver fora de Espanha para não comparecer a esta sessão, adiando a sua presença para a próxima terça-feira, segundo a agência.
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Em causa estão os negócios relativos às transferências de Radamel Falcao (do FC Porto, em 2011) e Guilavogui (do Saint-Étienne, em 2013) para o Atlético de Madrid, entre outros jogadores. Segundo a acusação, a filial espanhola da Doyen e os referidos empresários, que negociavam em nome da Doyen, terão torneado o pagamento de impostos com o pressuposto fictício de residência fiscal fora de Espanha.
Na megaoperação denominada "Dean", as autoridades espanholas solicitaram informações à Liga e à Real Federação, assim como a alguns clubes, que não estão sob investigação, nomedamente Getafe, Atlético de Madrid, Sevilla, Valencia, Granada, Cádiz, Sporting Gijon e Elche.