Filipe Luís junta-se a Abel Ferreira no tema dos relvados: "Concordo com tudo"
Instalou-se a polémica no futebol brasileiro a respeito dos relvados sintéticos que têm alguns clubes, como é o caso do Palmeiras. Há quem peça o fim da relva sintética, mas Filipe Luís e Abel Ferreira vincam que é preferível um sintético a um relvado natural em mau estado, como se vê em muitos estádios brasileiros
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Numa altura em que um dos temas do momento no futebol brasileiro é a qualidade dos relvados - há muita gente que defende o fim dos relvados sintéticos, enquanto outros acreditam que é preferível um bom sintético do que um mau relvado natural -, Filipe Luís, treinador do Flamengo, deu a sua opinião sobre o tema, dizendo que concorda inteiramente com Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, que recentemente comentou a questão.
Na opinião dos dois treinadores, a melhor opção é ter um bom relvado natural. No entanto, como isso não acontece na maioria dos clubes brasileiros, é, então, preferível ter um relvado sintético.
"Ouvi as declarações do treinador do Palmeiras esta semana, o Abel, e eu concordo com tudo o que ele disse. Foi a primeira pessoa, talvez, que não meteu política no meio. Foi super sincero. Porque realmente, se eu jogo no Botafogo, eu tenho que defender o sintético, e se eu jogo no São Paulo, tenho que criticar o sintético. Não! Cada um tem a sua opinião, e ele foi verdadeiro com o que ele pensa. Eu penso da mesma forma que ele: a Série A brasileira tem que ser regulamentada. Tem que haver exigência para haver relvados naturais e bons, mas tem que haver multa se não tiver relvado bom. Tem que ser uma exigência. O que eu mais vejo aqui no Brasil são desculpas. Ah, é o clima. Ah, é não sei o quê... Na Arábia e no Catar estão 50 graus e há relvado como se fosse um tapete. O Brasil cresce a passos lentos porque falta gente que tome estas decisões, que sejam mais agressivos com estas decisões e sejam mais certeiros com este assunto do relvado", começou por dizer, após a goleada (5-0) frente ao Maricá, para a última jornada da fase de grupos do Campeonato Carioca.
"Vou dar a minha opinião: o Abel não passou por muita coisa que eu passei, que foi no sub-17 do Flamengo ou no Sub-20. Até no Campeonato Brasileiro. O que adianta preparar um plano de jogo, preparar uma semana de saída de bola com o guarda-redes, com médios dentro da área, para chegar a um relvado onde a bola não anda? Onde os jogadores não conseguem correr? Não é humano. Se for para isso, é melhor meter sintético. Agora, clubes com condições para ter um campeonato mais equilibrado, para vender o nosso produto para fora do país, sim, relva natural, toda a gente prefere. Não tenho dúvida. Os jogadores do Palmeiras preferem, os jogadores do Botafogo preferem...", afirmou.
"Bons relvados Brasil? Tem o do Internacional (Beira-Rio), que é top. E não tenho problema em falar, o melhor relvado é o do Corinthians, é o melhor Brasil. Corinthians, Inter... São Paulo (Morumbi) é muito bom, Juventude é muito bom, Coritiba é muito bom e... Estou-me a esquecer de algum, mas com certeza já joguei na Vila Belmiro (Santos) muito boa e ruim também. Então, o que a gente precisa é regulamentar, obrigar a meter um relvado, mas em condições, investimento, altíssimo investimento no relvado, e aí, sim, vai ficar bom para todos. Em Espanha eu também apanhei muitos relvados ruins até chegar o presidente da Liga e obrigar a colocar relvado bom em todos os clubes. O que eu sinto um pouco do Brasil é isso. Nós vamos vendo o que os outros países vão fazendo e, a passos lentos, vamos tomando decisões e mudando. Já mudou muita coisa desde que eu cheguei aqui, em 2019. Melhoraram muitas coisas no Campeonato Brasileiro, muitas. Tanto taticamente, como de estrutura, infraestrutura. Melhoraram muitas coisas. Mas ainda estamos atrás. É evidente que nós estamos atrás. E somente pessoas com coragem para tomar decisões importantes e agressivas podem mudar e melhorar o nosso campeonato", finalizou.