Fez história e entende que momento de voltar à pátria está a chegar: "Sinto-me preparado"
ENTREVISTA, PARTE I - Fangueiro fez história ao leme do Dudelange e entende que o momento de regressar a Portugal está a chegar. "Recusei um convite por achar que não era a altura certa", conta, a O JOGO.
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No Luxemburgo desde 2012, Carlos Fangueiro fez a transição do relvado para o banco com sucesso e, na época passada, guiou o Dudelange ao título de campeão. Agora, espera fazer uma gracinha na Liga dos Campeões - venceu o Pyunik (0-1), da Arménia, na primeira mão da 2.ª pré-eliminatória -, e olha para patamares mais ambiciosos.
Em 2021/22, tornou-se o primeiro treinador português a sagrar-se campeão no Luxemburgo. Que dimensão atribui ao feito?
-Teria sido indiferente se não tivesse acontecido num país onde a comunidade portuguesa é tão grande. Sentir o apoio e carinho a cada dia que passa torna tudo mais especial. Foi e é uma honra muito grande.
"Sinto-me preparado e, com os meus filhos e esposa em Portugal, aliado a um bom projeto, terei tudo para voltar."
O Dudelange está em vantagem na 2.ª pré-eliminatória da Champions. Como é que o clube vive este momento?
-Com espírito de confiança. Não temos nada a perder e temos tudo a ganhar. A maior parte dos nossos jogadores já teve a experiência da Conference League, que foi positiva, mas onde respeitámos demasiado o adversário. Constatámos que éramos melhores demasiado tarde e não foi suficiente. Esta época, já encarámos o Tirana com esperança, algo que se repete com o Pyunik. Sabemos que é uma competição muito exigente, mas estamos confiantes naquilo que podemos fazer.
A fase mais adiantada que o Dudelange atingiu foi a 3.ª pré-eliminatória, em 2012/13...
-Julgo que vamos passar esta eliminatória. Não será fácil, o Pyunik é um bocadinho mais forte do que o Tirana, mas estamos preparados. Depois, na terceira ronda, já haverá adversários mais complicados, começa a ser mais difícil seguir em frente. Mas temos um grande objetivo: não importa a competição, temos é de chegar a uma fase de grupos. Na Champions é quase impossível, mas podemos cair na Liga Europa ou na Conference League. Aliás, se passarmos esta eliminatória é certo que estaremos na fase de grupos da Conference League.
A que nível se estende a sua ambição como treinador?
-Sinto-me muito bem e gosto muito do Luxemburgo, mas sou português. O início foi difícil, fiz um trajeto árduo, por vezes com alguma xenofobia e racismo à mistura, mas está ultrapassado. Sou feliz por me sentir respeitado, mas como qualquer treinador ambiciono mais e melhor. Tenho o sonho e a ambição de treinar numa liga mais competitiva, profissional. Desde logo a portuguesa. Sinto-me preparado e capaz disso. Até hoje ninguém me deu nada. Comecei na terceira divisão do Luxemburgo, atingi sempre os objetivos propostos e continuo a dar passos seguros. Tudo isto faz-me acreditar que poderei agarrar um projeto maior com unhas e dentes.
Regressar a Portugal está nos planos?
-Sem sombra de dúvida.
E já recebeu algum convite nesse sentido?
-Recebi, em novembro do ano passado, de um clube que estava em dificuldades na II Liga. Mas não era o momento indicado para regressar a Portugal, por causa da família. Trouxe a minha esposa e os meus filhos para cá. Ter que ir para Portugal e eles ficarem não era certo. Tudo indica que os meus filhos ficarão a estudar no Porto para o ano e aí, se houver a possibilidade, poderei decidir de forma diferente. O tal clube estava em dificuldades, mas, felizmente, mantiveram o treinador, deram a volta à situação e conseguiram respirar um bocadinho melhor. Não quero revelar de que clube se trata, porque quero deixar a porta aberta. Mas sinto-me preparado e, com os meus filhos e esposa em Portugal, aliado a um bom projeto, terei tudo para voltar.
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