Imediatamente antes da chegada do engenheiro à Seleção Nacional, os adeptos portugueses foram obrigados ao "cúmulo do sofrimento", com a presença em três play-offs consecutivos.
Corpo do artigo
Caso amanhã some pelo menos um ponto frente à Itália, a seleção portuguesa conseguirá o que raramente tem feito ao longo da sua história: apurar-se para a fase final de uma competição oficial de seleções antes de ser disputada a última jornada da qualificação.
Até hoje, Portugal só conseguiu contornar a ansiedade da "máquina calculadora" em três ocasiões: nos campeonatos mundiais de 1966 e de 2006 e ainda no campeonato europeu de 2016, provas em que se qualificou a uma jornada do fim da fase de grupos, conforme assinalado no quadro em anexo.
Agora, nesta primeira Liga das Nações da história do futebol, um empate chega para nova festa antecipada, uma vez que italianos e polacos (estes já eliminados) deixariam de poder ultrapassar os lusos. Se Portugal perder, tem nova chance na próxima terça-feira, em Guimarães, diante da Polónia.
O atual selecionador pode tornar-se no primeiro de sempre a fazer duas vezes a festa antecipada
Fernando Santos pode assim repetir a proeza pessoal da fase de apuramento do Euro"16, quando, após início titubeante (no mínimo) de Paulo Bento - o que até lhe custou o despedimento - devolveu os bons resultados à equipa, obtendo a qualificação quando ainda faltava uma ronda.
Se este duelo de Milão lhe correr de feição, então Santos passa mesmo a ser o único selecionador a conseguir dois apuramentos antecipados. É que, antes dele, apenas Luiz Felipe Scolari (Mundial de 2006) e Otto Glória (Mundial de 1966, com Eusébio em destaque) o tinham alcançado.
A valorizar o feito que se perspetiva no caso de uma vitória, amanhã, estão as campanhas imediatamente anteriores à entrada do engenheiro na equipa das Quinas. É que, precisamente, nas três fases prévias de apuramento, Portugal precisou de disputar play-offs para chegar à fase final. O sofrimento (de intervenientes e também de adeptos) foi levado ao extremo, em dose dupla contra a Bósnia (Mundial"10 e Europeu"12) e também com a Suécia (Mundial"14). Desta vez, certo mesmo é que não haverá play-off. Em Milão ou em Guimarães com a Polónia, Portugal tem, como num jogo de ténis, dois match points à disposição.
Entre os três melhores selecionadores europeus
De entre os selecionadores que se encontram à frente de equipas europeias, Fernando Santos é neste momento o terceiro melhor ao nível dos resultados.
Como pode ver-se no quadro abaixo, o português apenas é suplantado pelo espanhol Roberto Martínez (ao comando da Bélgica) e pelo alemão Joachim Low, os únicos que neste momento registam melhor média de pontos ganhos por jogos oficiais disputados.
É necessário, porém, ressalvar duas perspetivas. Em primeiro lugar a que diz respeito a Martínez: é que, enquanto Santos está há mais de quatro anos à frente de Portugal, com 34 jogos oficiais já realizados, o espanhol lidera os belgas há pouco mais de dois anos, ou seja, ainda só trilhou metade do caminho, tendo estado Santos sujeito a um natural maior desgaste (no tempo) e a menos jogos.
Em relação a Low sucedeu precisamente o contrário, mas também aqui há um ângulo que leva o português a sair por cima. É que se contabilizarmos os resultados de um e de outro na mesma baliza temporal então o engenheiro leva vantagem. E grande. Desde o dia 14 de outubro de 2014, que foi a data do primeiro jogo oficial de Santos como responsável técnico da equipa das Quinas, Joachim Low comandou a Alemanha em 35 jogos oficiais, somando um total de 77 pontos. Ou seja, desde esse dia teve uma média de 2,2 pontos por jogo, possuindo assim um registo bem inferior ao de Santos e, inclusive, ao do senhor que se segue na tabela, que é o francês Didier Deschamps. Para o português, tendo em conta estes pressupostos, é um terceiro lugar que sabe a primeiro.