Fernando Santos coloca em causa o calendário de jogos: "Para bem do futebol..."
Selecionador português sobre os três jogos em sete dias, de qualificação para o Mundial de 2022.
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Três jogos em sete dias: "Há que repensar esta questão. Os responsáveis pelo futebol a nível mundial e europeu têm de repensar esta questão, de testes mais testes, três jogos realizados oficialmente é impossível, é impróprio para os jogadores e para os treinadores de seleção. Se já é difícil para os de clube, tirando os que estão apenas numa competição, para nós é pior. Há quatro meses que não via os jogadores. Alguns vieram diretamente, meia dúzia fez um treininho, fomos jogar, passadas 70 horas jogámos outra vez. Sem treinar só a recuperar... É muito forte para os jogadores. Para bem do futebol, é muito importante que se repense as marcações, isto não faz bem ao futebol, ao espetáculo, e os jogadores não são máquinas. É pouco possível, agora não podemos é pegar por aqui, temos esta dificuldade mas temos de dar a volta. As dificuldades são criadas para serem arranjadas soluções. Tem de se ir buscar forças onde as houver. Nós que temos obrigações claras e inequívocas, temos de encontrar soluções, o Luxemburgo também jogou três jogos. Há que ponderar esta situação, jogadores vão chegar ao clube cansados, para os treinadores é muito difícil gerir isto. Podemos não ter tanta disponibilidade física, mas temos de ter disponibilidade mental."
Análise: "O que tinha de fazer fiz, que foi alertar os jogadores. E na palestra fiz isso. No da Sérvia fizemos boa primeira parte e algumas desatenções, acabamos por ganhar e não valeu. Isto tem mais a ver com o jogo do Azerbaijão. Chamei a atenção para estarmos organizados, concentrados e com paixão, que é dinâmica, estarmos vivos, com criatividade, com dinâmica, profundidade, a ganhar segundas bolas e a cair em cima do adversário. Os rivais chegavam primeiro, ganhavam as divididas. Nós fomos jogando, numa espécie de pelada. A qualidade técnica sozinha não vai lá. Se não equilibramos estes fatores que são importantes... Não é que os jogadores não queiram. A forma como o fizeram é que não esteve correta. Não se joga para o lado, para trás, mais um toquezinho... Sentimos dificuldades. Quando estávamos a melhorar, num lance com envolvência do Cancelo, a seguir acabamos por sofrer um golo. Mas aí houve reação instantânea, começou a correr e fizemos golo em momento importante. Ao intervalo disse que tínhamos de mudar não questões estratégicas, mas a forma como estamos em campo. A segunda parte foi isso. Ganhámos as bolas, com verticalidade... Os golos apareceram e podiam ter aparecido mais. Tivemos oportunidades para um resultado mais dilatado até. Nos últimos 60 minutos jogou a equipa que dificilmente alguém ganha, e o Portugal que quase sempre ganha."